quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

2010

Estou te deixando partir, tu vais me levando consigo... Ficas aqui, na nostalgia do passado.
Estou desatando meus olhos aos teus, trocando o horizonte, sobrevoando para além da tua face. Vais para o nuncamaisvoltar, deixando um resto de morte. Flores do mal, pisadas; folhas secas; a terra que usei para edificar lar.
Sim, perdoo. Te perdoo os desmaios, as dores (que não foram poucas nem clementes a mim. Que abusaram dessa resistência irresistível ao amargor da existência) e aquela taquicardia em luz solar. Quanto me fizestes cair... Mesmo assim perdoo.
Agora, perdoarás tu a mim? Poderei eu viver sem que tu me deixes sorrindo?
Preciso dessa paz para continuar, ao menos tentar continuar.
Da vez que eu te odiei, da vez que te amaldiçoei e aos teus beijos cuspi bile. Quando fui tão ingrato, trancado em minha ignorância de não perceber que quem ainda me atava à maravilha da vida era você. Por favor, deixei de cuidar das tuas chagas para acariciar as minhas, tratei-me como narciso trata o reflexo! Por favor, sinto-me tão indigno dos teus abraços, dos teus presentes... Agradeço, preciso agradecer (mesmo de olhos fechados e o rosto enterrado no chão). Houve riqueza e eu só via limbo.
.

Agora, intimamente. Fil diz o que houve:

As conversas com a Mari nas madrugadas, quando eu queria simplesmente sumir, chorar até me inundar de dor, morrer ali. Cansado daquele mal no peito e principalmente com medo. Medo daqueles tantos anti-depressivos... Do meu corpo reagindo mal a eles, eu tentando sentir algo além de tristeza, desesperado por respirar. E a amizade perfeita alí arejando minha vida!
Houve Yasmin Calegari, um anjo gêmeo às dores e alegrias, à cultura e música. Um coração que está comigo até o fim do caminho - só para descansar de braços dados, no lar eterno.
E aquele apoio imenso? Samanta! Minha alegria de viver, sempre ali me fazendo crer que iria dar tudo certo, absolutamente tudo (e não é que deu?)... Quando eu queria chorar, gargalhava, e ao ver você gargalhando de mim, meu espírito gargalhava também! Edilene.Souza e, de forma geral, todo o meu 3ºP 2010, OBRIGADO.
O Higor também entra aqui. Até hoje não sei bem o que ocorreu entre a gente, mas ele disse coisas que nunca ninguém tinha dito para mim, não foi meu "príncipe encantado", mas de certa forma me despertou de 100 anos de sono profundo.
Houve o show do Epica e do Delain. Pode parecer fútil, inútil, mas a vida é mágica exatamente por isso. Valeu pai, valeu Ana, to devendo essa (R$180,00 pra ser exato uaheuhuaheuh).
Falando em Ana... Essa vem com toda uma bagagem de perfeição. Só confirmei que sou um ser muito sortudo. Eu amo meus amores!!
Doutor Pedro, meu paciente psicoterapeuta, haverá um texto só para você. Aguarde.
Bruna!! Bruna Lemes, muito obrigado por ter me arrastado no dia do meu aniversário para conhecer a CIDADE Universitária. De repente - mal do remédio, da doença ou seja lá do que for - decidi e estou rumo a USP. A culpa é sua!
Luis... Só uma coisa pra te dizer: a vida não valeu a pena, mesmo? Pois valeu um livro, toda uma história dedicada para você, anjo eterno.
Tidus, você sabe. Teu presente foi mais que saber o que é uma paixão. Foi saber o que é se apaixonar por quem já se amava (valeu (e como valeu haha), aqueles beijos). Te Amo *-* Família (a palavra já basta).
Nadja, Paulo, May, Dandan, Vanessinha, aquela segunda família! Ainda faleço de tanto rir com vocês.
E não me esqueço do dia em que, chorando num canto do quintal de casa, a Duda veio lamber minhas lágrimas e me convidar a brincar. És minha vida, dálmata perfeito!
.
Estou te deixando partir. Voa longe, mostra que eu ressurgi. E para sempre te amarei, perfeito assim em tuas nuances, tuas estações.
Adeus... A Deus te entrego, 2010.

Magia, Paixão e Poesia - Decifra me enquanto te Devoro
Feliz 2011!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Fogos para mim!

Coca-Cola não tem o mesmo sabor de lirismo da taça de champagne a meia-noite.

Trinta e um de dezembro. Ava driblava a euforia, ofegante. Insistia em aprisionar a alma em movimentos controlados, fixando cada passo num alvo, objetivando a vida; tudo haveria de ter um fim justificável e se este não era óbvio, abominava-o; como quem segura o talento para a alegria numa pista de dança... Ava planejava até a adrenalina (tudo para ter controle).

Nada de bebidas, nada de fumos e êxtases. Seria vergonhoso acordar dia seguinte e ter parte da memória roubada pelo álcool ou qualquer essência alucinógena. A vida por si só já a levava até o indizível e ali, bem ali onde ela não tocava em grades de uma jaula, estava seu maior temor. A liberdade imposta.

-Hora de vestir-se como respeitável jovem otimista e curtir os fogos - com moderação! Moderação de freira.

Não deixava de ser nudismo aquele todo cuidado com a vida. Assim expunha tão à flor da pele e à luz do mundo sua casca sensível. Era como se virasse do avesso, e para si tornava aquela parte espinhosa - impiedosa que era para com seu próprio coração.

-Hora de dirigir-se até a residência dos amigos, fraternos inimigos.

Completo silêncio. Onde estará a comemoração? O Ano Novo sempre é trágico, Avinha... Todos estão do avesso, machucados por si, tentando fingir uma desilusão, desiludindo mais uma vez. É um ritual, uma aliança anual para com a falsidade própria.
E ficas assim, desapontada consigo. A hora marcada traz? A agenda assegura? O compromisso eterniza?

Que tal "não"??

O segredo nem sempre esconde, muitas das vezes ele protege. E a surpresa, essa sim vive.
Ava está conflitando em pleno fim de vida-2010.

-Hora de quê?
De beber teus beijos! Vem até mim.
- Quem és tu?
O escuro.

Ava está cansada da fadiga.
É hora de sentir o coração bater. Dançar no escuro.
Bye bye mundo exato de maleficências! (porque é a única exatidão que temos, que o mundo é mau)
Estou nascendo, e antes da meia noite, em 2010, livre!


Os Fogos são para mim!

domingo, 26 de dezembro de 2010

O Coração de Tudo

Tão obcecado por cicatrizes... Porque que o mundo não choca, não mais.
"Dá-me algo para sangrar."

Ele quer desvendar o tecido profundamente ferido desse mundo.
"Que 2012 chegue incontinenti e cético, metamórfico."

Tenta à putrefação. A alma em decomposição quer fazer essência.
"Meu máculo jaz ressurreto nas células-verme."

O príncipe injuriado não merece julgamento (o divino nem o enxerga).
"Deus me abandonei. Estou completamente anestesiado"


Que fará o pobre virtuoso com tamanho diadema de indiferença? Não há o que brilhe mais do que essa sua jóia maldita, carregada do que antes causava espasmos de vida - agora mobilizados e inutilizados.

Espasmos de morte? O salvariam? Achas mesmo? Esses congelaram no interior do magma cardíaco.

A cruz está vazia, garoto. A sepultura até ecoa os risos de Madalena, então mira-te no espelho e vejas que teu semblante já venceu a treva! O salvador vive! Em teus olhos...
"Minha irreligião só obedece os preceitos do Universo. Em mim vive a cegueira psicodélica da aurora boreal, essencialmente."

A Aurora Boreal revela: existe um enigma nas cores que o infinito escapa à Terra Noturna: um coração noturno não escapa às cores infinitas do enigma da terra. Não estás preso ao preto e branco. O lamento vem da vibração do teu espectro adormecido. Vibra, corre e subverte. Estás vivo, pequeno cometa humano.



"Eu viajarei além das fronteiras do buraco negro que consome minhas vontades, minha calda será o tributo às lágrimas falecidas no caminho. Que caminho? Até o Trono?"
Sim. Esse é o coração de tudo.

Magia, Paixão e Poesia - Decifra-me enquanto te Devoro

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Prelúdio do Amor Maior

A monotonia daqueles últimos instantes de aula já não flamejava impaciência no espírito dos dois estudantes: o garoto poeta e a menina fotógrafa (acima de tudo, os sonhadores).

Sentados na escada da quadra, debaixo da sombra gratuita da estrondosa árvore de estimação, eles apenas adivinhavam a beleza de uma amizade que seria – num futuro bem próximo e eterno – o alicerce e o sentido de duas vidas atadas a uma só essência. Em um ou outro momento trocavam olhares silenciosos; escondiam a sensação misteriosa de sentir que dali em diante um não viveria sem o outro; e, estupefatos, perceberam que o Sol pairava delicadamente no horizonte, abençoando aquele evento mágico.

Não poderia ser mais perfeito, embora de maneira singela.

Tão simples assim que com o passar dos anos essa imagem apagou-se da memória do poeta. Entretanto, a fotógrafa (que jamais perdeu um momento de delicado encantamento) tratou de fixar na mente o dia em que admirou com seu amado a luz do Sol e sob os raios de Deus sentiu encher-se o coração da verdadeira paz... A Paz de quem tem um coração amigo ao lado, por onde quer que vá, para sempre.

D’um dia assim, retocado na lembrança, a doçura que invadiu a menina verteu-se em nostalgia. E da alma do garoto, depois de rever em seu olhar a luz solar, verteu poesia.

Da saudade de ter sempre os abraços mais queridos, de afagar prantos dos mais sofridos e compartilhar a liberdade de venerar a estrela matutina em pleno ócio estudantil.

Refletindo a felicidade desapercebida, ele ousa desvendar o segredo:
Nos sabores da manhã, seja então no calor da tarde ou até mesmo na escuridão sacra da noite, estando juntos, estarão perfeitos. Amando, estarão juntos. Juntos amarão todos os instantes. Fotografados na história, pintados de poesia ou esquecidos na poeira das estrelas... É felicidade.

Amar assim tão intensamente e dependente é felicidade.

Porque o Sol os uniu naquela manhã de anos passados, na escada da quadra, entre a monotonia escolar, debaixo de sombra amiga; sonhando um com o outro clandestinamente.

(O que foi então aquele instante?).

Talvez prelúdio dessa paixão poética e platônica: os dois corações aquietados, juntos, admirando a grandiosidade de um simples alvorecer.

Magia, Paixão e Poesia - Decifra-me enquanto te Devoro

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Desirée (II)

[parte I - Decifra me enquanto te Devoro: Desirée (I)]

Um pouco a frente um casal todo vestido de preto ri freneticamente. Devem estar indo para o mesmo lugar que Desirée... Parecem alegres. Minto. Parecem felizes. Não estão sozinhos, uma menina os acompanha, o cabelo dela é longo e cacheado. Como Lilith. Como Desirée sonha ser Lilith. Isso é o mundo, pessoas felizes nunca são como você, a deusa nunca é como você, a perfeição do pecado não está em você. Apenas o pecado da perfeição.

“Quem estará lá esta noite?”

“Tanto faz, eu mesma não estarei. Já faz um tempo que não estou.”

O destino é chegado, os nervos congelam e vibram, mas não mais estalantes e impiedosos como essa noite de sábado. A garota sobrevive de visões de uma pré vertigem, ainda não alcançou o desmaio. Alcançará? Cantarolar um pouco ajuda a distrair a angústia. Ali estão seus amigos, em frente ao clube, ansiosos e ... Normais?

- Oi...

- Oi! Como você está linda! Amei a roupa e a maquiagem!

- Obrigada.

- Gente, olha só, essa aqui é a Desirée. Ela não é um arraso?!

- Desirée? Belo nome – reproduz a multidão.

“Você está bem, meu anjo? Ta com uma carinha tão murcha...”

- Estou bem.

- Mesmo?

“Como sempre, caiada em vestes de prostituta. Se há riso é porque há vinho, se há sonhos, é porque há absinto. Se sou unicamente eu, há essa beleza de castelo em ruínas. Estou bem, estou como poderia estar, caiada em vestes de anjo negro.”

Cabe aos estilhaços reproduzir imagem impecável? Não. Ela é algo mais que esses reflexos amorfos.

Entrar, pegar um drink, se acomodar em algum espaço e – impenetrável – fixar os olhos na escuridão interna. A música não a envolve, as luzes não machucam a frieza de sua pele; nem eu nem você conseguimos desviar a atenção do Desejo a si mesmo. O que se esconde nas vagas da dama mais cobiçada e inatingível da noite? Teríamos chance de arrebatar seu coração envenenado?

“Hoje não... Hoje não estou a fim de lançar-me as vagas de uns beijos e carícias estranhas. Se eu pudesse, se eu fosse corajosa, daria um basta no romance com a vida também...”

Ah, menina! O peito se contraiu e uma possível lágrima foi tragada. Não choraria ali, jamais. Tentaria curtir o som – só o som, porque as letras eram profanas, diziam as realidades da alma, tocavam na chaga de maneira demasiadamente envolvente.

Lá fora ventava, graças a Deus; Jack ainda não tinha entrado, ficara fumando um pouco. Pelo jeito de nada adiantava os puxões de orelha de Desirée, ele nunca pararia com aquela vida desregrada e deliciosa, assim como os conselhos dele para com ela a respeito de largar a cruz da melancolia jamais surtiram efeito (para sempre a existência penosa e apaixonante). Os dois não eram antídotos um do outro. E se amavam!


(continua)

Magia, Paixão e Poesia - Decifra me enquanto te Devoro

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Jogando conversa(dentro)

Por que me convocas? Irá nascer algo? Não vês que meus olhos ardem de sono?
Por que meu coração insiste em brincar de poesia quando o poeta já se entregou às trincheiras-cobertores?
Para que seja jogada conversa fora entre a caneta e o papel? Dá-me licença, também existo, também resisto!

Escrevamos sobre mim então. (sempre e novamente).

Amanhã sai o resultado da 1ª fase da Fuvest. Me engano, já saiu, hoje já é dia 20/12. Quando eu acordar do sono que dormirei, correrei a descobrir a que se deu aquela prova tão tão tão exaustiva.

(entre parênteses é mais seguro (não estou compondo um artigo ou refletindo sobre mim), tão-somente papeando com as pálpebras pestanejantes).

Confessei, estou à espera. Talvez para isso tu vieste a mim; não iria dormir tão logo, a ansiedade me recobre, preciso espairecer os nervos. O sono nunca me pesa o suficiente, indigno!

Toca "Te Amo" da Rihanna na rádio. Eu curto, é um tanto homosexy.
Hoje fui à igreja!

(isso está soando a diário querido diário)
Houve uma linda cantata.
Mamãe está melhor. Graças a Deus. Juro que nesses dias tive medo de perdê-la... Espero que ela permaneça bem: estou exausto de ver minha mãe tão mal. Estou exausto de angústia. Tenho medo...
Mas ela está melhor, linda.
Eu ainda temo. Perdê-la.
Deus cuida de nós na sombra das Suas asas.

Fui na igreja, dizia eu. Incrível - e agora só para que ascenda o meu orgulho/vaidade e ressuscite a tal da auto estima (existe?)...: empolgante o modo com as pessoas ressaltam como sou bonito. Lá.
Não quero admiradores santos-secretos, não quero par na igreja! De qualquer forma é bom receber tantos elogios à minha aparência física.

Isso me remonta a um comentário e situação que umas semanas atrás:
Vanderlei me disse: tenho um amigo que está louco para te conhecer.
Eu, ingenuamente (!)(exato!): me conhecer? Nossa, mas por que?
Ele: Por que? Ora, é óbvio, Fil - sorriu maliciosamente.
Introspectivo lamentei um sonho: Queria que as pessoas desejassem me conhecer pelo que escrevo e não unicamente para "beijar essa boca perfeita e comer essa bundinha gostosa".

=/
Bitch Detected??

Cansado disso. Não que dispense os gozos físicos, só estou me preocupando com a ausência dos espirituais.

Meu Deus é isso aqui. Meu Paraíso...
E como eu sei que esse fútil relato inútil às 01:35 do dia 20/12/2010 vai parar no meu blog, vê se comenta, leitor!! Dá sinal de vida. Porque por mais que haja o paraíso, nem Deus soube lidar bem com a solidão.

Beijos, Bocejos e (6) - Decifra logo que eu já estou devorando!

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Campos do Paraíso

Houve um tempo em que as claridades acendiam para Joe.
Houve sim. Não conseguia relembrar as cores e o brilho, não tecia nenhum painel da doce infância; pesadelos de meninice, sonhos, amores... Não se recordava de nada, mas Tudo existiu.

Num único desejo.

Nostalgia de um único desejo.

Entretanto rondava-lhe um sentimento, aflorando das entranhas do passado: o ressoar das gotas de chuva tocando em sua carcassa de ferro, em suas palpebras quebradiças, escorrendo lágrimas como se fossem vindas dos campos do paraíso.
Joe queria ser menino.
Joe queria ser humano - não pela dádiva nossa de possuirmos coração.
Queria ser criança e poder sorrir ao caminho deixado para trás, só para dizer que valeu a pena ter crescido e se tornado monstro intransponível.

Amnésia.
O que fora aquela gota de vida?

Um único desejo,
Que volte a chover nos campos do paraíso.

A magia vinda da paixão
habitada em poesia
[...] dessa frágil canção:

Tirado do Baú

"Como podemos chegar tão longe?
Perdidos em estrelas cintilantes e amor recôndito
E então eu giro com minha lua, você.
Mas pertencemos a isto? Se esse é o lugar errado...
...porque amamos?

Somos estrelas, num novo cosmos
Viajando numa felicidade tão clandestina
E eles culpam a verdade
e eles descriminam a inocência da noite
Por quê? Se estamos no lugar errado
...porque amamos?

Você tocou a minha mão, e eu choro.
Nada pode ser esquecido, desse giro de sonhos
Sinta os sonhos morrendo
e eu choro por você, minha alma luna
E se estamos apaixonados? Você e eu
Se esse é o lugar errado... Porque amamos?

Como chegamos tão longe, camuflados pelo reflexo da lua!
Se é o lugar errado, amamos porque ainda há o sonho.
A sensação do medo, o Todo Meu Amor

No lugar errado
Com você, simples-perfeito."

(2006?2007?)

Magia, Paixão e Poesia - Decifra me enquanto te Devoro



quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Desirée (I)



Pó de arroz, lábios ultrajantes e os olhos imitando esfinges egípcias. Cópia barata de Cleópatra, pronta para se perder mais uma noite... Desirée disfarçava-se de si mesma e buscava sentir o vento gelado da noite, buscava sentir algo em sua noturna, maquiada e destruída imagem. Era hora de sair, havia combinado com os amigos. Claro que ela ainda os amava! Só não mais sentia o mínimo prazer em estar junto deles.

“Paizinho, vou sair com meu pessoal, me divertir um pouco, de manhã volto. Não me espere acordado. Beijos, te amo.”

“Pai, estou a me desfazer, deitarei meu corpo na sarjeta e entregarei minha virtude deste dia para qualquer um, mais uma vez. Te amo.”

“Meu pai, livra-me de mim mesma! Já não suporto ter uma existência tão vã, dói tanto essa solidão que sinto... Por favor, me abrace e diga que me ama!”

- Aonde você vai menina?
- Sair com uns amigos...
- Mas você não disse que estava indisposta hoje? Tudo frescura, não? E vai sair assim?
- Assim como?
- Vá logo, vá! Ta atrapalhando meu futebol.
- Até...

O caminho era o mesmo de sempre até o ponto de ônibus. Isso permitia que ela errasse em pensamentos, afinal o trajeto não exigia atenção alguma; ligava no automático e fingia ser alguma diva gótica venerada por legiões de fans, imitada por adolescentes depressivas e desejada por metaleiros loiros e de longos cabelos. Seria chocante para a mídia e para todos os seus admiradores, as noticias de seu suicídio. Como seriam as manchetes?

“Ah, Desirée...”

Não! Voava para outras terras, outros pensamentos... Será que conseguiria sentir algum tesão na vida? Mas já sentia. Era uma verdadeira orgia! Ora um carinho vertia em orgasmo, ora uma lufada a violava. Engraçado... E quando nem alegria nem tristeza a envolviam, um absoluto nada tomava sua alma, trazia certo repúdio ao bem e enjôo ao mal. Onde andaria o equilíbrio? Em seus próprios olhos? Certamente que não. A beleza da Lua poderia trazer certo êxtase para si e ainda sim tudo permanecia sem sentido.

“O que sou? Um crucifixo sem simbologia.”

A religião perdida. Ou Deus (as duas coisas não passam de sinônimos, não é?).

- A religião da vida é que me derruba na lama do pecado.
- O que disse? – perguntou o cobrador, confuso.
- Nada, não – correu a sentar no último banco no busão, vexada e aliviada de que naquela hora da noite quase não haviam pessoas nele.

“É como se a religião fosse uma redoma que aprisionasse a verdadeira verdade...”

“Verdadeira verdade...”

“É sério. Seria soberba demais achar que estou além da religião? Que sou o próprio Deus?”

“A futilidade é tão mais segura. Calarei a minha boca.”

Calarás o teu espírito? Jamais. O silêncio de sua mente dá lugar à exultação de seu coração. As luzes amareladas da cidade, carros luxuosos e miseráveis, jovens rindo jovens chorando tudo por dentro, prostitutas batendo o cartão para mais uma noite de trabalho, cães fiéis ao desamparo de seus donos mendigos. Isso é o mundo – palpita. Isso é o mundo.

(continua :)

Magia, Paixão e Poesia - Decifra enquanto te Devoro

(foto: Céline Derrien by Saverio Cardia, Pizza)

sábado, 27 de novembro de 2010

Poderás tu juntar meus pedaços? Se tu mesmo andas tão quebrado...

Nos juntando, assim juntos roubamos partes vivas um do outro, formando novo ser.
Eu com a dor tua, tu com a minha.

Isso é Amor.

Magia, Paixão e Poesia - Decifra-me enquanto te Devoro

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Teatrando

Precisando vomitar esse nervosismo
tenso desequilibrado, sob o palco da incerteza
movimentado
e a
beleza
de ter meu mundo entregue à platéia;

Querendo debulhar essa euforia
louca translucida de razão, lenta e incerta
ávida
e
aberta
ao mundo de sonhos da platéia;

Maquiando as verdades com máscara traiçoeira
beleza putrefata, magia que incendeia - a platéia e o coração
pulsando devoção
ao momento
aberto
ávido
lucido e plácido

de subir ao palco e dizer quem sou, mentindo o que não sou, interiormente revelando!
dentro da gente, cresce e desenvolve a trama, Drama, cômica chama

apagando o ego, só teus olhosaos meus
Tudo assim, os braços e a vida...
Teatrando

Magia, Paixão e Poesia - Decifra-me enquanto te Devoro

sábado, 6 de novembro de 2010

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Jogo pro fundo de palavras

Procurando um tesouro
achei entre folhas largadas num caderno do ensino médio, um e outro verso

Sem-Sentido. Sem.
Sentido, igualzinho a mim.

(imagine essa frase rabiscada, assim):

Fim de balada. E eu me abstive do lápis e papel, a alma que


Pó de arroz e olhos de esfinge egipcia. Mesmo assim a morbidez (não, palidez!) sedutora daquele rosto não é o suficiente para maquiar o. Quê? O pensamento continua inerte ao vislumbre da pré-vertigem. Que será que procederá ao fim do anoitecer? Que mais importa além do ópio?

Cabe ao estilhaço
resistir ao teu olhar?

A molécula núcleo meiose e eu você em dois únicos pólos
Pólo eu Pólo Teu

T Eu.

O que faz com toda melancolia profunda vertendo em reflexos de poesia? O que se faz dessa preciosidade às 03:00 da madrugada?
Parece até tristeza desnorteada - parece alegria que mata.
Morri uma vez.

"Então você não sabe por que ele está chorando na presença de Deus?"

Ele queria tocá-lo. Tocar quem ainda o mantém no limbo. O limbo mais estupendo! Mas dizem que o paraíso é melhor. Duvido, mas é pra lá que ele vai. Se você esquecer a sua existência ele poderá morrer em paz.

Na noite não houve beijos. Só jogo pro fundo de palavras.
A madrugada é fria para putas.

Poesia me congela.

Finados

Mentira!

Que não se finda o carinho e a lembrança. Nem que eu morra, que todos também morram. A memória ficará guardada nas estrelas.

Marianys morrem aos quinze, a bagagem cheia de sonhos;
Luises enlaçam a vida e beijam a morte com o ser ofegante de dor;
Vivaldas descansam no riso no meu coração pulsante...



Pulsante de saudade, vó.

" Com o pôr do sol mais lindo que meus
olhos já vislumbraram, em tarde de inverno
levaste a luz e a alegria de toda uma família,
de gerações que em ti depositam, hoje,
o pranto de doídos corações.

Eras tu puro carinho e abrigo imenso
dona do riso e do calor que, vindo de Deus,
abençoava com o amor maior e intenso.
Querida, impossível não ser tão querida
quando os teus cantos e orações
juntavam-se com as lágrimas de tuas devoções
às dores de cada membro teu, fruto do teu ventre
e nós - netos - da tua dádiva divina:
ser avó.

Amamos e assim surpresos com a sua ida
perdemos um tanto de paz, um tanto de vida...
Um abrigo e abraços do Paraíso.
É que chegou a hora, tu mereces agora
ser a criança do Pai, cuidada,
amada e acariciada com essas lágrimas
que nos inundam a face.

Nossas preces e saudade
nosso amor e nossa paixão

Amamos para sempre, na eternidade
de sermos jardim secreto do Eliseos
eu teu peito, eu teu coração. "

.pra minha avó :/

sábado, 30 de outubro de 2010

cai o manto da manhã, renasce o infinito

gotejando a tarde sobre o tempo
escorrego até a noite, brilhando com a tristeza da lua
sozinho fingo matar a paixão dos céus e
proclamo independência ao fim

Assim vou escorrendo plasma e sangue
morrendo sem tocar a morte
o dia se aproxima de minha face, o ósculo
roubado cheio de luz
gotejando a manhã sobre o tempo
e o fim
e o começo
do recomeço;

dependente da vida.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Deixa-me anoitecer?



e essa melancolia tentando envolver minha vida agora?


Não me assustes, musa, tenho medo de desvendar teus caminhos. Mesmo que estes sejam os meus próprios, os passos que dei no passado - e sei, os são.


O passado me trás as melhores sensações. Curioso é que naquela época minha existência não flamejava de júbilo... Então ouso concluir (e esperançoso pedir ao dEus) que meu presente atual será logo a alegria do futuro. Não. Bem sei que não haverá mais 2008 aqui nesse peito só. Se assim o fosse, eu teria o orgulho de apresentar ao mundo a teoria do pessimismo, no qual, ano após ano, tudo tende a piorar.


Não. Bem sei, não haverá 2008, nem pra mim nem pra ti. Em meu peito solitário.
Então deixe me apenas anoitecer, Melancolia.


Recuso o momento profundo, cansei de me afogar nas tuas reflexões angustiantes e belas. Hoje não quero ser poeta, recuso teus braços de poesia e a mágica dança das palavras.


Prefiro ser mais um, fechando os olhos, enterrando para sempre este dia nas areias do sono. Enterra minha dor e me abandona esta noite, quero muito.


Não te quero, não quero desvendar o sentido da vida nem desmembrar o segredo. Quero o silêncio, quero anoitecer sem o teu abraço.


Hoje não sou poeta: Sou o vento. Sobrevoando sem rumo a atmosfera, tocando sem querer a chama e o orvalho, inconsequente, livre, devoto apenas à minha trajetória errante; mando beijos para aqueles que acariciei como brisa da manhã, os que feri como ventania e os destruídos pelo furacão de uma atribulada depressão.


Amei-vos.


Rostos, tão-somente.


Hoje novas faces sorriem para mim e eu as amo singularmente. Porém o amor que recebi no meu coração e compartilhei nos dias do outono, não retorna com o mesmo toque de antes...


Rostos amei. Mas o único que ainda se aproxima ofegante e me rouba beijos é o teu, minha Melancolia. Mesmo em noites em que não te quero e nunca necessito - como esta.


Não quero! Não me seduzas, maldita Dalilah!
Solta meu pensamento...
Em momentos de plena solidão, eu só queria anoitecer... Então...


Deixa-me anoitecer?

Decifrando o vazio intimista, devoro a verdade e te entrego o escopo de um ser.


Meu ser.


Decifra-me? Te devoro.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Montanãs De Silencio

"Vuela tan alto como puedas
Nadie debajo
Nadie esta detrás
Siempre comienza cuando está solo.
Amor, temor, siente y encuentra en la soledad.
Tuya y nadie más"
Tarja Turunen.

Hoje, nada-meu-nada-teu.
Hoje o silêncio escondido nos horizontes do maior sentimento... Sem julgamento.

Não há posses. Atravessada a tempestade, resta a brisa do ultimo suspiro, refrigera a lembrança daquele olhar atribulado.
Hoje, depois da luta resta a sensação - descendente ao ultimo beijo... Aquele momento de poucos fôlegos, tranquilidade.

Não se tem. Se é.
Em Montanhas de Silêncio.
Você, cheio de ti, após o gemido de prazer, após o gemido de dor... Unicamente você.

E ninguem mais.



sábado, 16 de outubro de 2010

Baka!

:
Saltitando no teclado do notebook
buscando a distração pra essa pequenina solidão...

é que o dia está ensolarado, peguiçoso... E você não está aqui para fazer nada comigo, deitar tua fronte no meu peito e cantarolar aquela canção sem sentido.

Dançando suspiros ao vento, sorrindo para o Sol, aquele do brilho dos teus lábios.

(ta faltando certo rítmo)

(falta você)

- só tô tentando enganar a solidão... - só enganando a solidão.


( publicar ou não essa postagem pseudo-inútil?)
(não que as outras sejam úteis) (fúteis)
mas falta você!!
Pronto.
subiu,
ou
vo
o
u
e atingiu o céu, o
paraíso em teus
o .lh .os.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Epitáfio de Sentimentos

O silêncio que ele guarda nos olhos esconde muito mais do que as lágrimas que você deixou escapar, negligente. Se te ama, és apenas uma cor do arco íris. O restante, dançando até o pote de ouro desceu ao inferno e voltou sépia... Aquele vestígio de tesouros do passado.

E você negligente, ainda revivendo as árduas paixões!

Mas ele correu séculos adiante. Na terra afunda a mágoa profunda, o beijo salvador e, na tréplica, cálice de veneno – esse caleidoscópio do vosso relacionamento.

Se te ama (e eu duvido muito), é como o sepulcro ama a lembrança noturna. Frases que escorrem estéreis e morrem no cimento da lápide. Bem ali estás, bem debaixo, aquecida com os vermes. Se te ama (e eu insisto em duvidar), é porque o espectro que você deixou fugir no último ósculo permanece iluminando a sua frieza. Amor mal digerido, isso foi vocês.

Acorde desse doce martírio, enxugue as lágrimas vãs: ele não te ama!

O riso que ele entrega ao vento não pertence às lembranças de tuas carícias, aquele desespero cativante. Não te ama; nem resto de alegria sobrou naquele pensador sórdido. Mas é belo.

Sim, belo e caríssimo, dedicando ao além umas preces de morte – tolo, mais que a ti própria. Escondendo a vida em frases gravadas no jardim das almas mortas. Negligenciando a vida em nome do desfalecimento.

Acorde e abrace o mundo. Lá fora o Sol ainda quer namorar você!

De que vale amar a poesia, se ela decai por si própria? E da felicidade ascende melancolia, enterrando declarações de amor em frases de um epitáfio? De que vale entregar-se ao belo, se o belo deleita-se em apodrecer nos portões de um mausoléu?

Ele te ama? Não. Ama a fatalidade de ser silêncio e solidão.

Não te amo. Amo possuir a imortalidade de ser epitáfio em teu coração.


Magia, Paixão e Poesia - Decifra me enquanto te devoro

sábado, 2 de outubro de 2010

Devida primícia à felicidade dessa madrugada

Passeiam, mesmo que raramente, uns e outros raios de alegria consumindo minha fronte.
Especialmente, subitamente, hoje-instante-presente.

Tributo à agonia da solidão sempre entrego. Cuidadosamente em lágrimas colhidas, cristalizadas e arranjadas de modo a preparar diadema - pra Ti, Deus meu da tristeza vertida em poesia.

Justo e gratuito seria tornar agora também meu júbilo, guardado no gozo dessa solidão noturna; justo entregar destilada a alegria fumegando em essência de poesia!

Mesmo que desorientado e embaraçoso seja o prazer oferecido;
( sei não o que fazer com toda essa insônia eufórica)
Mesmo que arrítmica e engraçada seja a dança;
( sei não como ordenar os passos da liberdade)
Mesmo que pagã e vulgar seja a canção;
( sei não esconder a pureza de meu sangue ímpio)

Mesmo por soltas sílabas voando como balões coloridos aos céus, eu atingirei o coração do meu salvador.

Assim, exatamente como balões coloridos gargalhando ao vento...

E X P L O D A !

pOp!! Exploda gargalhadas no colo do Pai.


[valeu! sempre vale a pena]


Minha maior gratidão está na...
...Magia, Paixão e Poesia - Decifra me enquanto te devoro

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Diálogo Mal Encantado ou A Tola Princesa V

MAD PRINCESS – Garota Insana. Um dia saberás da honestidade de seu conto ou a morte será um sonho eterno? Pois que no orgasmo do inferno fostes concebida, entre as lágrimas da deusa do mal – solitária e fatal – e de uma nobre carcaça de paixão. Foi assim:

Há séculos do presente, embora escondido nesse mesmo instante, nascia da insatisfação da belíssima filha de Deméter uma personificação urgente e acolhedora. A dor de ser possuída pela serpente paterna, raptada pela escuridão do Hades e separada do coração quente da Natureza já transpassava à depressão: tornava-se um ser físico e atraente. De olhos azuis gananciosos e um toque de inocência, correspondia à personalidade bipolar de Perséfone. Adolescente da Primavera, Rainha da Treva Invernal. Na verdade dessa histórica mítica e apagada, aquela entidade que se criava ao olhar da entronada tristonha era ela mesma – em másculo contraste à sua beleza feminina.

MAD WHISPER – Devo crer nisso tudo ou ignorar o protesto político que te faz a respeito da tua legitimidade com um ser mitológico e surreal? Perséfone amou a si própria?

MAD PRINCESS – A história se produz nessas instâncias, queiras tu crer ou não. E a dor nostálgica de mamãe é que mutou (de tão intensa e bela) em corpo e alma vigentes.

MAD WHISPER – Boa ou má criatura?

MAD PRINCESS – Criatura. Como qualquer uma, pendendo ao que lhe aprouver os gostos – independente da positiva ou negativa moral. Era meu pai, meu bom pai. Um dia saberei...

MAD MIND – Saberás o que a verdade inventa nessas linhas escritas comigo.

MAD PRINCESS – Inventa que deixada às sombras depois de consumida pelo ápice de prazer que a dor pode oferecer, morreu ali uma semente de Deméter, derramada como sangue sobre o opróbrio da filha. Sim, entregou-se ao suicídio da manhã e ali, na tentativa de matar sua divindade, fui concebida. Bastarda da dor, prometida à escuridão... Sem uma mãe digna. Feita de sangue, gemidos e ranger de dentes.

Hades me adotou como seu mimo de estimação, fazendo injustiças e me prometendo ao primeiro príncipe desocupado que aparecesse. O mais parvo e fétido.

Mamãe, insatisfeita com o coito da vida, fez-me objeto de injúrias e cobaia de feitiços. Tantos deles.


sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Lágrima Suicida

†24/09/09†

" Eu sou um estilete sem cabo. Quer pegar, tenta. Só que não entro nem saio da vida de ninguém sem deixar marcas. Marcas boas ou ruins. Mas marcas. Marcas de uma época. Lembranças boas de quem sou. Do que sou. Do que nasci para ser. E foda-se. FODA-SE mesmo. Se sou uma máquina de ferimentos para alguns, lamento. Quer beijar? Vai ser intenso. Quer brincar? Só não diga que eu não avisei "

# ŁøųıŞ 133MHz



" Tu fostes uma rosa sangrando sombras do anoitecer. Colhida em paixão e tragédia, machucou a brutalidade da vida com frágeis espinhos, acariciou os amados com pétalas virgens escarlate. Do tempo em que, com o olhar mais inocente e bondoso que vi, verteu às lembranças (poucas e intensas) os suspiros mais doces e angustiantes. Tu fostes isso... Tão belo e poético em sua escuridão, pura flor da treva. Beijando as almas que compunham o drama da tua teatral peça fatal. "

Como se defende,
uma pequenina rosa
da lufada impetuosa da vida?
se unicamente uns poucos espinhos
protegem sua aflição?
e, mal suportando o peso de um domingo sombrio
seus dardos e refúgio ferem o próprio coração.

Como se dedica poesia
ao anjo que aos céus voou?

"Um anjo; sem asas para retornar para casa... Voou com todo o seu espírito, com toda a dor da imundice do mundo e a saudade da perfeição celestial. Diga-me porque tristes diamantes morrem? Por que olhos de vidro derramam lágrimas de sangue? Por que a alma mais sensível congela-se? Anjo caído, voe longe, retorne ao teu berço e vele por nós. Que amaremos para sempre a aura que tu nem vias mas que cobria-nos de amor"


Aquela lágrima ígnea da tua ultima esperança ainda desce suicida do olhar daqueles que te guardam na memória e no coração.

...Te guardam, Luis Fernando.


†24/09/10†






sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Lágrima formosa

Lágrima formosa.
Doída, calada e virtuosa;
esse pecado nu decadente
tomado por perdão vertente.

Lágrima formosa.
Qual divindade que ao artista posa;
d’um rio de mágoas descende,
que alcançar a paz de espírito pretende.

Toma-me em tua luz, Lacrimosa.
Abençoa essa agonia escondida,
e em eterna gratidão te darei a rosa
única, branda e pura de minha vida.

Toma-me em tua luz, Lacrimosa.
E farei ode, lirismo e poesia
ao anjo que o meu choro ouvia
e com suas asas me envolveu de encanto,
num sagrado ósculo calando o meu pranto.

Lágrima formosa.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Lágrima apaixonada

Abandonado no esquecimento dos Tempos houve o primeiro ser apaixonado. Não se sabe se foi um homem ou mulher, um botão de rosa ou a chuva; poderia ter sido o Éden inteiro ou aquele anjo debruçado na nuvem mais alta... Quem sabe uma molécula de sentimento. Às vezes desconfio que foi pó astral, às vezes sinto que foi Deus.

Importa que amou. O primeiro amante da vida.

Sozinho, recostado nos muros da reflexão, desejava incessantemente a criatura amada junto de si, junto de seu coração. Entre um e outro ócio a mente brincava de sonhar as bodas de prata, ouro e diamante; sonhava com o primeiro beijo (antes mesmo de beijo existir. Era um beijo adivinhado, como quem pela primeira vez sente que terá um orgasmo) e com os toques que preencheriam aquela desconcertante sensação de braços cheios do vazio.

Ah, como precisava de abraços. Principalmente à noite! Era o pior momento, o instante infindável da escuridão. Fosse de olhos fechados ou desesperadamente abertos, a única coisa que se via era a ausência. Um silêncio envolvia a atmosfera e massacrava o desejo de ouvir alguém adivinhando seu nome, compondo poesias bobas, inventando traços de uma existência completa.

Nem risos;
Nem murmúrios;
Ou ao menos gemidos.

Abandonado no esquecimento do Tempo - percebeu a criatura.

Amando um segredo intocável.

Nasceu dali a primeira lágrima, ígnea e latente, tremulando nos olhos daquele ser todo angustiado.

"Não há quem beije minha face e sinta a essência da devoção que entrego ao meu maior amor, não há quem alcance com os lábios a verdade do meu ser perdido em suspiros. Meu amor não me toca, não consola, meu amor não me ama"

"Lágrima presa-pulsante, liberta-te das grades desse vívido medo! Salta à morte! Vive por mim!"

E numa liberdade suicida despencou as águas de um angustiado olhar, sepultada nos lábios de um angustiado sorriso. O sorriso da Poesia.

Minha Poesia - para o primeiro ser apaixonado.



-Venha, abrace minha desesperança e beije esta lágrima desfalecida de amor antes que mais uma vez eu morra de solitária paixão...-

Decifra as entrelinhas antes que isso me devore

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Diálogo Mal Encantado ou A Tola Princesa IV

MAD PRINCESS -

MAD WHISPER – Conta logo de onde vieste que eu te contarei para onde foste. Sim, eu sei.

MAD PRINCESS – Pois então acompanhe-me ao hall central do Pandemônio. Lá fui concebida.

MAD WHISPER – Extremamente pomposo!


MAD PRINCESS – Cale tua voz arrogante e escute um conto perdido. Por que perdeu-se? Não sei... Mas vocês deveriam, todos vocês deveriam conhecê-lo. Para que eu possa me apagar.

MAD WHISPER – Tens razão, enfim. Para que te apagues, que as linhas sejam feitas. Uma ou outra mente maliciosa deve estar brincando. E assim dependes da dor de existir sob a sombra de outro. Por si só és puro pó – angustiado por uma existência que, mesmo vã, te pesa e dá angina.

MAD PRINCESS – Não tenho culpa se aos sábados despenco em solidão, vislumbrando um príncipe grosseiro que amo, odiando as tranças que o enfeitiçaram a mim e querendo voltar até o submundo, esconder-me na escuridão do manto de minha mãe, Perséfone, e retornar ao mad, unicamente mad.

MAD WHISPER – E eu.... Que sou o teu próprio mad, queria me libertar e sussurrar sem loucuras.

MAD PRINCESS – Você? Você.... Sim! Sussurro insano, aquele que tragou minha vida passada! Agora me lembro...

MAD MIND – Conte-nos, queridinha. Que somos um, que somos nada... Uma mente apagada, sussurros que morreram no ultimo entoar do feitiço cabalistico e a princessa sem fim (Nem ao menos princípio). Como Deus e Eu.


domingo, 29 de agosto de 2010

Ou te amo? Correrei de tudo, então.

Amigo invisível, quebrado. O Fracassado.

Estás amando? Fuck and Love? Porque te tocam com mais sensualidade que a vida, porque te abraçam com mais calor que a vida, porque te enganam mais do que a vida.

-

Amigo iluminado, drag fashion em luzes de neon. O Fracasso.

Estás vexado de ciúme. A estrela da noite não consegue viver sozinha? E eu também sei porque. Porque tu és a sensualidade barata, calor parasita e, em plena ciência de tudo, fechas os olhos e finge que não és o próprio engano.

Deixa eu te dizer algo: amo sim, amo você da mesma maneira doentia que você a mim. O grande problema dessa relação é que não existe um equilibrio, então eu procurei me entregar ao devasso e você - insustentável - dançou, dançou, dançou no sexo do mundo...

-

Estamos apaixonados? Ainda não percebi, ainda não concluí.

Fracassado, ponha-se a olhar os céus. Na manhã que renasce da obscuridade noturna eu sustento a nossa dignidade de meretrizes poetisas. Olha o belo raiar...
Estou chorando, borrando minha maquiagem, sóbrio.

-

Fracasso.
Meu doce fracasso. Teu desamparo orgulhoso me põe em pedaços, te dedico meu colo virgem ao teu odor impuro... Estamos quebrados, mirando o espreguiçar do sol.
Estou chorando, umedecendo a pele seca, ébrio.


... Ou te amo? Correrei de Tudo, então.

O Tudo me cerca, me cega... Eu correrei até te encontrar por completo e ser equilibrio verdadeiro - disse aquele ser único, ignorante de que perfeitos e completos já o eram...

Não era dor nem fracasso. Era eu buscando nomes para a inominável alma errante.

L. I. V. R. E.

[ existe uma mentira, sim]:

[baby, you know]

[I'm afraid of] ...

[...]

[So - if I love you] Correrei de tudo.

estou te amando, esta noite.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Sonhar dói, mas tem se lá os seus orgásmos

Só queria chegar neles logo...

:(

A Magia, com paixão e com crua poesia - hoje - está me devorando.
E eu desfaleço.
?

sábado, 21 de agosto de 2010

Rendezvous

Te levarei até o trono do consumidor; te entregarei ao prazer sem escrúpulos e com os olhos fervendo à orgia plena comerei teu coração. Meu único alvo dentro desta paixão ofensiva (ofensiva pois fere ao meu ego te amar tanto assim a sangue frio) que te dedico é presentear-te ao meu devorador para que eu possa experimentar - nem que for por restos mortais - a tua carne ávida e suculenta.

Sei sim, tu inteiro não mereço. Hoje não. Só quando o Sol nascer de mim, não por mim; quando eu puder entronizar minha verdade com coroa de mentiras, te seduzir até enlaçar-te à Morte em meus braços.

Por enquanto, ENQUANTO...Te Esconderei de Mim através de um prazer furtado!

Esta semana te entregarei ao assaltador. Ele comerá teu âmago da mesma maneira tão avassaladora e sensual como fez comigo... Então terei as migalhas do teu ser ofegante, eu terei a parte de ti que se despedaça ( e quando o 'assassinio' cessar, carregarei a parte tu pulsante para junto de mim, cheio da culpa e malícia).

Meu amigo, te amo. Juro.

[...]
Incertezas: Maquinei, desejei e conclui. Um Plano.
A Realidade: estou bem aqui e estás ali, onde sinto teu ardor e apenas ele - não toco, não alcanço. Não é concreto; é fingimento.

Que estupidez clássica, concluir-me de fato quando o tempo e a verdade me usam de piada! A verdade adivinhada é a carcaça da desesperança, onde espero o nada cobrir-me e completar; a inventada torna possível e exato, finda a eternidade.

Há-meio-termo
?

Talves o-meio-termo seja aquilo que me (assuste)
aquilo que afasta a tua presença de mim e me deixa sozinho, num plano repleto do meu próprio ser, pronto a ser devorado pelos meus próprios mistérios. Talvez queira-te eu porque não quero deparar-me comigo

f
aminto
apetitos
o

Veja pois, é aquela velha historia se revesando em paixão fugaz e concupiscência angelical. Eu procurando fugir de. Entre as tuas coxas fugir de. Mas te quero, verdade. Quero atingir teu coração e teu afago* ( o que difere neste* é que prefiro começar pelas partes de baixo).

Por que?
Deus teu, por que?

Queria apenas lamber o suor do teu labor lascivo, retirado pelo mesmo fogo que verteu os comichões da minha virgem maria em cinzas; apenas tocar o que te explode o sêmen e continuar dançando até o amanhecer...

Mas insiste aquela coisa plasma em mim, em investigar a raiz de meu desejo oculto, não somente por simplesmente do

Do i t r a n s p i r a r.

Algo evapora. O que é? Meus poros estão repletos de. E eu fujo com temor de completar-me sem ele, sem você, comigo e meu celibato ao pudor.

O que alcanço me escapa: como um sonho realizado.

E se te alcançar? Cansei dos medos, mas se me soltar deles terei que criar nova dinâmica de vida. Liberto e vulnerável. Prefiro agarrar-me à fadiga de
ir
sendo
por
nada
seguro
quando
fim
deixa
fechado

Já estou fugindo do foco. É que me alcancei (!!!). E nu relembro:

Te comerei esta noite.
Antes - decidi - comerei a mim. Sem esse ritual inicial não poderei ter-te no colo ninando teu sexo e amando o aroma que... Espera, ainda não conclui o.

Assim, preparo meu fogo para consumir minha estupidez.

Fútil grandeza de ser o mau caminho... O fim te aguarda e teus passos sobre mim mudará para sempre o que sou. Preciso deles (os passos) maculando o orgulho, pisotei-me bitch, por favor. Com força e distração, ignorando-me e mesmo assim seguindo dependente desse caminho até cair no precipício que de maneira fatal abraça nosso destino final.

[ Isso continua, eu espero]

[espero uma noite de orgásmos]

[Rendezvous tonight]

Magia, Tesão e Poesia -Decifra me enquanto te devoro

domingo, 15 de agosto de 2010

Diálogo Mal Encantado ou A Tola Princesa III


MAD PRINCESS – Sussurro maldito, então não sabes quem sou? Olhe bem dentro de meus olhos... Sim, eles são dourados; são chamas do inferno, sou princessa do Hades, bastarda do amor de Persephone. 

MAD WHISPER – Trágico! Totalmente obscuro e até ultra-romântico. Que tocante, uma princesa gótica desconhecida.

MAD PRINCESS – Quanto escárnio no teu tom cripilante...

MAD WHISPER – Que mistério se esconderia nuns olhos dourados, então? Qual é a tua aflição, tolinha, se nem ao menos eu que vim do fantástico conheço teu conto?

MAD PRINCESS – Eu... Eu me escondo nas sombras da solidão.

MAD WHISPER – Além de tudo és mentirosa? Enganou-me dizendo que estavas cansada de reviver tua história. Nem existe!

MAD PRINCESS – Não entendo... Era para existir... Eu, eu não existo?

MAD MIND – Existe, a partir de mim.

MAD PRINCESS – O que? Isso já se tornou incompreensível.

MAD MIND – Explique o mundo e depois te conto um segredo.

MAD WHISPER – Simples: o mundo é um pensamento. Um sussurro e às vezes um princesa 
desconhecida.

MAD PRINCESS - Recuso-me a fazer parte disso... É contra, não há encantamentos!

MAD WHISPER – Pai, perdoa ela. Ela não sabe o que diz.

MAD PRINCESS – Eu sei muito bem. Sou princesa quebrada, cansada e confusa. Tenho uma vida, uma história, eu sei! Mas há algo errado aqui. Vocês deveriam saber da minha história feliz para sempre, deveria ser para sempre!

MAD WHISPER – Agora deveria? Volúvel!

MAD MIND – Adoráveis... Não me façam mudar o curso da história, se acalmem e continuem buscando. Estarei aqui rindo com Deus.