sexta-feira, 28 de outubro de 2011

O Labirinto (parte II)

Doeu tanto enquanto não entravas totalmente nesseudomínio... Inflamou!

Amar nunca fez sentido.

Hey, como você se sente? Em tempo, nessa noite infinita, sentirás o bom. Se sonhares.

Uma multidão anseia o teu vislumbre;
(libélulas sorriem com a ponta dos pés, beijando o fôlego do vento)

A multidão vê, extasiada, a tua corrida surtada. Onde fica a saída? Onde retorna? Apenas fique, meu bem. Fique bem e o mundo agradecerá levantando as mãos.

Agora os meninos se foram; gritos; alegria pura. Qual é a cor do momento? Talvez agradaria uma brisa morna-marítima. Um oceano e sereias esculpidas por Fídias. Seduza-me com teu canto sem retorno, timbre abençoado! Navegue os sete mares, descubra mais sete. Tudo sem dor ou fé em Netuno. Aqui. Pegue teu coração como se fosse seu e o eleve – para que as marés de fúria não o atinjam. Espera. O fogo superabundou, o pátio está tomado por mãos em chama. No ápice do altar a última nereida ressoa a sua ultima alta nota. E o fogo se apaga em teus olhos...

Agora, em que direção?
(Palhaços angelicais saltitam na festividade do Cisne Sonhador Rubro. Hallelujah! A luz, a luz! Onde está você?)

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Vale à pena dizer o que já foi dito?
Vale à pena sentir o que já foi sentido?
E se for tudo precioso, viveria eu contente com o que já foi vivido?

Sabe porquê ainda te amo? Porque ainda não travei diálogo com Sócrates. Eis-me então desconstruindo tua bela aura:

" Os estilhaços perfurocortantes não feriram meu olhar. Te expulso da redoma sagrada e nem me atinge, nem me dói. Desnudei-te e vi mil chagas pintando a tuas epiderme clara e fraca - é humano, é mortal imoral. O que conheço bem sei que é falso: o salitro dos húmidos olhos verdes teus hoje secou, agora fecha-se, muta e nada é capaz de se apaixonar. Quando te amo, primeiro segundo após você já é outro, e corro para te amar de novo, mas foges daninho. Ai! Que essa adoração furta-me a cor e o fôlego.

Pára e morre! E poderei te ter, congelado.

Quem te és? Eu, ele, você, nada exato e Deus cometendo erros. Presta atenções, não sou agraciado de relevação divina, tu não és meu anjo, presta atenções.

Suspirei outrora sob o espelho. Abriste tua boca para dizer-me honestidade e o reflexo veio devasso. Só atingi meu alvo romântico ao olhar a imagem da tua imagem em minha imagem. E morrias de novo cada segundo novo.

Então... Há auge de glória no meu sentimento? Houve autenticidade... Todo passado é autêntico. Se repete, acrescenta. O que eu amo é cada vez maior; eu amo cada vez maior.

(e a maiêutica prometida?)

Ora! Então o que te amo não é você.

Homem, quando te levei para o alto trágico nem me dei conta de que erguia uma ideia enquanto matéria despencava. O que quero é a tua alma quebradiça. Lindo monte de ossos.

Remanescências estão atentas a me cegar. Deixa eu dizer: se te adoro é por puro cansaço. Tu não és um mito, é hora de eu descansar dessa exausta elevação fortuita.

(e a maiêutica prometida?)

Ah, caí; deixarei o próximo botão falecer em pétalas de amor. Eu nunca atinjo ômega algum. Caio - sempre - no jardim dos desertados.
É que de fato não quereria tudo isso cá dentro."


Mas por você...


sábado, 8 de outubro de 2011

O Labirinto (parte I)


Enquanto os céus despencam sobre a terra amarga e infértil, portais de luz dum novo mundo elevam-se, hipnotizam. Lá no fantástico interior, unicamente lá haverá nova beleza e verdadeiro refúgio.

Bem vindo, anjo, ao Labirinto. E não olhe muito nos meus olhos.

Uma noite se confunde com um desejo, tal qual um sorriso a um mágico espetáculo. Unicórnios lepidópteros sobrevoam o caminho quadriculado – um mesmo lugar, um todo lugar. Há medo na sinfonia, mas acredite: à esquerda da luz, entre o casal de estrelas dançantes, ainda essa noite você será quebrado.


Tema quando reconheceres o passado, os últimos passos dados antes do portal, apenas. Aqui piano e balé são a redoma do teu deleite. Os olhos azuis, a pele morena dessas paredes pede: não me deixes, não corra. Perca-se num segundo. Deixe-me derrubar tua realidade. É belo, é extremamente belo quando o espelho é estilhaçado. Então a promessa é de manter isso aqui muito alto e vivo.


Feixes de carmim rodopiam ao vento, seguindo a aflição da liberdade. Tudo cai nos braços do vazio e glitter é o nome na nossa religião. Como se sente?