domingo, 12 de maio de 2013

Teu alquimismo

"Deixa eu abrir o caminho... deixa caírem lentas as pétalas...
lentas por sobre o rígido caminho. Eu quero o abrir o caminho."

Pré face
Você me transforma todo o tempo e todo o tempo que eu tenho é teu. Só o tenho porque é teu. A verdade é que me cinjo de paz e abraços por ti. Por dentro sou ainda e para sempre aquela tormenta sináptica e embriagada. Eu fecho os olhos, calo minha sacralidade de poeta desejando ser minúsculo dentro do teu amor. Eu me distancio de mim para caber no infinito de ti, pacífico. Você me modifica e me transforma.  

Hoje eu abrirei os olhos e cantarei enquanto meus pés pisam clareiras. O caminho é feito do que mais sou no fundo, na raiz: dor tátil. Por cima meus carinhos e a beleza que é tua. Passa sobre mim e recebe o horizonte; derrama tua aura soberana: você é a minha paz.


I. Nosso Início
Cavalheiro do peito imaculado, que passeia na névoa fria e dispersa, um instante vem e chama-me para dançar? Cavalheiro dos olhos ígneos, dos olhos que velam duas almas numa só, um segundo vem e beija-me o ombro? Cavalheiro... dá-me tua mão símile à minha, beija a face e me leva aos altos?


II. E o que veio depois
Você me modifica e me transforma. Visita minhas ruínas e enxerga castelo e faz castelo; perpassa a esterilidade do meu solo e toca as flores mais lindas e elas existem por teu toque, lindas; conta um conto e no ecôo do silêncio senil canto d’uma voz que é jovem e terna e que te ama. Nuns olhos que fugiam os olhos, meus olhos só querem os teus e quando já não posso mais ver, você me ascende e me guia e eu vejo e te cuido e sou forte.

Um momento que é só meu aperta o meu peito, vai apertando porque encontra só vazio de um infinito arfar de ideias e descrenças, e quer oprimir e tocar o limite de um limite que não existe, não para!... Não para... Quando sou eu. Mas você vem ainda comigo nos teus passos e eu deito meu espaço, então passas com a tua mão que eu adoro por sobre o meu peito e me dá vida, me dá calor, me dá motivo e sou eu num momento que é nosso, cheio do que não questiono... Apenas seguro e são as tuas mãos nas minhas. Você é o meu novo modo de existir.

E surge a noite tão inevitável quanto a morte que é minha mãe separando os teus beijos dos meus... Então eu não sei - que divino malfadar é esse que te faz existir ainda mais forte? Parece até que tenho coração, figurativamente. Só não está comigo. E já não faz sentido abraçar travesseiros, quando estes outrora foram meus tão queridos. Na clarividência da solidão noturna eu sou um terceiro: longe de ti, longe de mim... E o terceiro ainda te procura!

Mas, ah... onde mais me modificas e me transforma... onde sinto um medo inédito e você entra por mim, caminha por mim e vai embora... E fica. Ficaria para sempre? Pois o que sou, de todos eles, o eleito primeiro é aquele que me dás todas as manhãs. E vai ficando dentro de mim, não importa que ventos espalhem os mil sabores cá no fundo (você já sabe o que tem no fundo). E o que no fundo você faz é me transformar: em tudo o que você ama. Fica para sempre, no mínimo? É que pela primeira vez, cada dia, eu tenho medo de morrer... De abraçar meu descanso (porque não é a morte que eu sempre desejei. É a vida que eu raro aceito) e partir feito a noite, só que eterna, num outro, um quarto, num novo estado... Sem você!... Sem você não pode haver... Porque você me faz querer viver...


O Silêncio
Também diz "eu te amo".