quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Diálogo Mal Encantado ou A Tola Princesa VII


MAD PRINCESS (SOLEMN) – O passado se estilhaçou quando Branca destruiu o espelho, há séculos-treva atrás, e assim aboliu a maior beleza do mundo. Somos todos um só corpo. As nuances não desonram a igualdade. Sou real. Sou mad.
Mad era só e vazio, vagando pela densidade dos assombros. O Oceano era a única criatura que sobrevoava os ares, Ariel estava no útero. Fez-se vida quando uma garrafa com um feitiço composto e escrito com pó de estrela tocou os lábios da praia. A mensagem em papel lunático voou longe e suspirou com o vento as palavras mágicas que o continham. Whisper.



MAD MIND – Mad criou Vida. Vida criou Whisper.


MAD WHISPER – Whisper criou mind. É um ciclo. Sou filho e pai do ômega. Sou o espaço entre a eternidade e o antes da eternidade.


MAD PRINCESS – E vim de onde? Não importa. Importa até onde vou. Se me lastimo tanto pela eternidade, como fugir dela sendo que exatamente nos traços do sem fim estão os laços do meu conto? O que me procura?


MAD WHISPER – Certamente não é o que tu procuras.


MAD PRINCESS – Tu me disseste que havia remédio para a minha dor.


MAD MIND – Curar a doença.


MAD WHISPER – Queres dormir na última página? Não vês que a última página nunca existe? Seja quem tu fores, de longas tranças que atinjam o núcleo terrestre, uma bela apodrecida que durma cem anos de depressão, a gata borralheira que virou princesa graças aos pés miúdos...


MAD PRINCESS – ... Ou a Fera Encantada, eu já mordi a maçã envenenada. Serei sempre sempre sempre a mais bela. Então é isso? Não há perdão?


MAD MIND – Eu já perdoei. Todos os dias.


MAD WHISPER – Não é perdão. Olhe adiante. Vês?


MAD PRINCESS – Sim.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Diálogo Mal Encantado ou A Tola Princesa VI

MAD WHISPER - Oh, espere um instante! Cai bem ao teu relato tragifantasioso alguma música que nos penetre no clima. Que tal um doom metal?

MAD PRINCESS - Estou realmente aborrecida por tanto escárnio. Querres mesmo conhecer o que se esconde na amnésia do conto das sombras mal encantadas? Se não, prefiro calar-me. E dormir mais cem anos.

MAD WHISPER - Tolinha...

MAD PRINCESS - Tola? Eu desejo rever meu mundo para que eu possa destruí-lo e descansar em paz, apenas do jeito que você, sorrateiramente me ordenou.

MAD WHISPER - Um sussurro jamais ordena. É matéria insinuante.

MAD PRINCESS - Que seja, insano! Tu disseste "conta a tua história, só assim poderei te amar até o ponto de querer destruir a tua existência".

MAD WHISPER - Também disse "somos apenas linhas de alguma mad mind brincando de reinventar contos mal encantados".

MAD PRINCESS - E mal contados também...

MAD MIND - Se atreva novamente e eu te faço sumir, sem existência ou desistência!

MAD WHISPER - Entenda, beleza putrefata, tua história se faz e se desfaz a cada momento-pensamento. Não existe um relutar, você é peça louca de uma louca brincadeira. Não adianta fazer caretas e forçar a mente para reconstituir o teu passado. Ele foi. Você é. O tempo está paralelo, nunca se encontra.

MAD PRINCESS - Então... Quem fui? Será que fui...?

MAD MIND - ...Desencantada? Não. Teu reino ainda se reveste de magia. Olhe para o espelho, quem é a mais bela criatura?

MAD PRINCESS - Mas eu apenas vejo... Vejo... O Mind.

MAD WHISPER - Eu sou a voz. Ele é a mente e tu, o sentimento.

MAD PRINCESS - Se somos um, imagem, o que tem abaixo de tudo? De que cor é a carcaça?

MAD WHISPER - É da cor da frustração...

MAD PRINCESS - Por que?

MAD WHISPER - Não posso...

MAD MIND - Foi a maçã.

MAD PRINCESS - Conhecimento pleno, do bem e do mal... Sim, fomos consumidos... Tudo se esclarece, mesmo no fundo dessa escuridão. Posso tomar a frente e contar o conto.

MAD MIND - Pode...

sábado, 22 de janeiro de 2011

Eden por terra

Já sentiu aquela sensação de ser evitado? É ruim. Pior então é quando quem parece te evitar, outrora era carinho e refúgio.

E você ainda ama perdidamente os laços daquele jardim secreto que éreis.
Perdidamente.

Diria até que é quase uma expulsão do Paraíso.
[e eu nem provei do fruto proibído]...[o que acontece?]

:(

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Perdão, princesa.


"Histórias que descendem de meus medos e dores, memórias de imaculados sentimentos – caos dessa perturbada criatura. Perdão, pequenina, se em teus sonhos de inverno te hipnotizo com melancolia e essa perdição onde se afoga minha alma.

Durma."




Magia, Paixão e Poesia - Decifra me enquanto te Devoro


PS: Qualquer semelhança com o texto "A que nasci" não é mera coincidência ^^

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O Ministério da Saúde e do Trabalho adverte:

Ficar longe de Yasmin Camila Ortiz Calegari faz mal a minha saúde.
A saudade já ultrapassou o Limite de Tolerância.


Exijo adicional de insalubridade!


Se bem que o melhor seria - e nós, Técnicos em Segurança e Saúde do Trabalho, devemos estar cientes disso - controlar e, se possível, eliminar o risco. Como? Trazendo você devolta para o meu dia a dia *--*

Te Amo, entendeu?? Sinto falta imensa.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Democracia

... E você tem também o direito de ser Fúria.

[Obs: A idéia era desenvolver todo um texto a respeito da conversa - uma parte dela - que tive com a May ontem. Mas essa frase foi a única coisa que me veio, veio e bastou. Aceitei.

Em relação a foto, só para dar um humor ao clima etereo do blog. Créditos a minha Lara e seu pinscher *-*]

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

A que nasci:

"Sob as ondas de núvens cobrindo o céu de Magyarország, onde a Lua descansa ascendendo a noite com sua luz amaldiçoada e os mares jamais tocam a terra... Sob a densa névoa de inverno, prestes a ser brutalmente rompida pela tempestade que sorrateira se aproxima, quer dormir a pequena menina de olhos negros. Será que ela pode? Escondida por trás dos muros de seu castelo ruinado, embebida de lágrimas sem esperança a pequena princesa só quer afastar as doçuras do dia e adormecer nos domínios de Dementia – a terra dos contos do mundo submerso em treva e risos lunáticos. Este é o lamento de Bathory, fascinada com a lenda que se emergiu de seus atos, recriada nas mãos da humanidade; que venha o sono, que venha aquela paz tenebrosa de quem repousa abaixo da terra.

Sob o sussurros da noite ela deseja dormir e eu - humilde servo de sua majestade - delego as histórias que meu coração guarda. Durma, princesinha, durmam, meus anjos; durmam e escutem o som do horror adentrando teu alento."

Magia, Paixão e Poesia - Decifra me enquanto te Devoro

sábado, 15 de janeiro de 2011

Desirée (Final)

Decifra me enquanto te Devoro: Desirée (III)
Decifra me enquanto te Devoro: Desirée (II)
Decifra me enquanto te Devoro: Desirée (I)

O 2º Ato:


Desirée está morrendo de ausência de desejos.

“Não quero sair da cama.”

O pai vai deixando o dia passar e sua menina vai deixando as horas se enrolarem nas dobras do edredom. Agarrada ao travesseiro, ouvindo a radio, ouvindo os pássaros do vizinho, ouvindo o próprio coração batendo desgraçadamente.


“Esse quarto já deixou de ser um belo refúgio”


Uma caverna escura, fétida, sufocante e de verdade inabitável. Mas era o que tinha para se esconder do mundo... A noite chega, a janta esfria, morre de esquecimento lá no fogão. E a louça só aumenta. Tudo enche, de tanto que nada vale a pena.


“Não quero.”


“Cansei até dos detalhes.”


As grandes coisas não fazem sentido, as pequenas não merecem suspiro. A atmosfera está abafada, acho que a Terra morrerá de tão pálida e abatida. Podia, não? Morrer.


“Trovões timidamente invadem meu quarto. A janela escancarada me permite reluzir em relâmpagos. Se um me atingir? Verei a luz? Virá uma chuva, virá minha fé...”


“Mas dói tanto, aperta tanto... É covardia do meu ser exigir tamanha força e resistência ao peso dessa inútil existência; ser escudo de mim mesma é uma tarefa que jamais se findará. Nem nos confins da vida.”

“Queria viver por mim. Sou solidão. Queria abrir essas asas de borboleta e pousar ao vento. Não sinto mais prazer em voar nas asas de meus anjos. Virtude é ter asas e voar ao meu próprio caminho.”

“A chuva não vem; a calmaria abraçou meu desespero, enfim. Mesmo que não chova, quero muito acreditar. Sei que amanhã será igual, cairei igual, morrerei igual, amarei e me cansarei de amar igual – a benção dessa falência...”



(e agora vem o ápice (só pra fingir que existe algum ápice)):

“... É que ao ressuscitar, algo escondido que ansiava por revelar-se, desabrocha em orgasmos.”

Em orgasmos é que se faz o mistério da sabedoria humana.

Desirée só quer desejar a vida. A vida quer desejar desirée.


(foto: Céline Derrien by Saverio Cardia, Pizza)


Magia, Paixão e Poesia - Decifra me enquanto te Devoro

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

da série "achados e perdidos"

Bem, após toda a correria e tensão de vestibulando, pude parar e respirar. É... Parar nem tanto. Tomei coragem e resolvi arrumar meu armário, vulgo "soca-tudo" (o nome também já diz tudo!), jogar fora o que deveria, guardar o que é necessário e o que não tenho coragem de descartar.

OFF: essa tarefa tomou mais energia do que eu imaginava e gerou muito, mas muito mesmo, mais sacolas de lixo do que eu esperava.

... Voltando, entre tanto papel esquecido é lógico que encontrei muitos versos/textos/brinks de escritor avulsos por todo o canto, 'socados'.
Reli uns e aquela nostalgia me possuiu. Mas um texto me chamou atenção:

Não me lembro quando. Não me lembro a inspiração, o porquê. Nada. Absolutamente nada sobre esse texto. Ao contrário dos outros, em que a leitura trouxe à memória sensações perdidas, esse eu descobri. Foi novo, juro! E é meu.

O.O'
HAHA'
sem mais bla bla bla...

"Chinelos, banheiro, água, escova de dente, menta, água, dia, toalha, roupão. Cafeteira, quente-vivo, bolachas. Quintal, sol, cadeira, roteiro, maçã mordida, roteiro, mordida na maçã, mordida no roteiro. Quarto, camiseta, bermuda, boina, cão, abraço peludo, amor peludo, roteiro. Parque, sorvete, árvore, vida, gramado, vida, roteiro, vida, cão, vida! Casa, bagunça, refúgio. Quarto, roteiro, teto, ele, taquicardia, amor, ele, desejo, saudadele. Banheiro, banheira, pensamento roteiro (vida), pensemento ele (roteiro), vida, sono, ansiedade, toalha, pressa, calça jeans desbotada-camisa xadrez-all star vermelho. Microondas, sem fome, comida, fome de vida. Chaves, carro, ansiedade, roteiro, ele, roteiro, ele. Teatro. Camarim, maquiagem, máscaras, palco, roteiro-"eu"-vivo. Magia. Aplausos. Camarim, realidade. Alegria. Chaves, carro, bar. MPB, vinho, solidão. Ele, ele, ele, ele. Lápis, guardanapo de papel, poesia. Vinho, solidão, sem-ele. Chaves, carro, lar. Banho? Batismo, roupão, música, emails, amanhã: novo roteiro. Poesia. Música. Cama, refúgio, livro, relógio, sono, janela, vento, amor, Lua. Sono, escuridão, perfeição. Noite. Sonho.

Felicidade."


fonte: ensaio "MMXI" by Tomas Falmer, blog Homotography


Magia, Paixão e Poesia - Decifra me enquanto te Devoro

sábado, 8 de janeiro de 2011

Que Hago Yo?

Escreveria para ti toda uma alegoria.
Se hoje não chovesse.

(e se hoje, pela primeira vez, não houvesse eu sentido (sentido) sentido lá na fonte da minha existência toda uma cascata vibrando "que nunca te terei")

(pois já te tenho a outro modo, amigo)

A paixão... Essa será reclusa para sempre. Esquivo-me do amor porquê? Porque ele te esquiva de mim. E eu permaneco romântico à tua lembrança... Solitário e romântico.
Além disso, chove.

Sem mais.
Apenas canto:

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Desirée (III)

[parte I - Decifra me enquanto te Devoro: Desirée (I)
parte II - Decifra me enquanto te Devoro: Desirée (II)]

Da maneira mais estranha que poderiam, exatamente como deve ser, se amavam. Um era do outro com uma condição: a de serem livres para o mundo, para os seus mundos. E compartilhavam alguns climas. As corridas na estrada, as gargalhadas ébrias, a poesia tatuada no braço esquerdo, o cheiro de rosas mortas... O beijo violento sangrando doçura... Eles sorriam um para o outro, com seus corpos.

- Não vai entrar?

- Depois...

- Larga esse cigarro!

- Vem cá, ta frio, to precisando de calor.

- Hoje não, hoje estou fria.

- Okay... Vem congelar um pouco comigo então. Bobinha, te amo.

- Não me ama, não. Lembra o que combinamos: amor não existe, apenas necessidade. Te necessito. Lá dentro, to num tédio...

- Mas sem beijos?

- Sem.

- E sem lágrimas, gatinha. Vou depois. Se você quiser ficar por lá... O povo todo veio.

- Se eu acabei de sair de lá...

- Ta. Vem cá. Quero curtir teu silêncio.

“Você sabe que eu odeio silêncio! Mas até que uma puta gótica abraçada a um rockeiro rebelde, encostados numa moto à noite em frente ao barzinho, calados e abraçados é um tanto neo poético.”

“Só nessa minha cabeça.”

- Diga tuas bobagens, faça me rir, Jack.

- Não. Hoje to a fim de ver você sendo angústia.

- O que?

- Necessito de você. Aprendi isso... Necessito de você sendo você. Eu fumo, você odeia...

“Porque teu pai também fuma.”

- Você chora, eu odeio.

“Porque minha mãe me largou para ficar com sua depressão maldita.”

- Te odeio, garoto.

- Também te odeio.

Se beijaram, se envolveram, tremeram com o frio. Não foi com o frio. Foi o abraço da solidão, gélido. Eram duas almas jogadas na sarjeta, buscando um no outro um abrigo que fosse, entre os espaços maculados de seus corpos.

Drama Queen n’ James Dean.

Meus olhos se emocionam com esse encontro surreal; perdi o sentido... Dentro do universo desses dois jovens eu perco o sentido. Sempre perco o sentido ao adentrar o coração do jovem. É devastador... Sonhos e Ruínas em plena alvorada.

“Sabe o que me machuca? Não é a incapacidade de alcançar os castelos de sonhos e jardins de objetivos. É a incapacidade de nem mesmo vislumbrar o horizonte. Cansei de planejar, mudar, vivificar minha existência e depois... Depois sou só eu com meus restos pisados, de novo.”

“Meu pai me culpa;”

“As pessoas me apontam, como se fosse pecado mortal dar-me ao léu. Se só ele é que tem me abrigado ultimamente... E o léu encontro nos braços de Jack. Mas não o amo, na verdade odeio. Odeio-o porquê aqueles braços são como ramos de espinhos, doem, ferem, mas tocam. Sim, eles me tocam!”

“Correrei disso tudo. Não prometo, não prevejo. Será impulso.”

“Quando estiver intoxicada de mim, correrei a ver o Sol, sentirei a chuva com prazer e respirarei o ultimo ar. Meu ar puro.”

Por hoje, por agora, ela curtiu o calor estarrecedor do salão, as pessoas putrefatas buscando formol em beijos cegos e a canção que nada diz, só toca e faz subir.



(e tem o 2º ato)

Magia, Paixão e Poesia - Decifra me enquanto te Devoro

domingo, 2 de janeiro de 2011

Forbidden Colours

Outras horas, novo tempo? A chuva é a mesma, a que escorre pelas folhas da roseira brincando de queda até a grama viva do jardim. Sempre tem aquela gota que beija a pétala aveludada num espetáculo de singela poesia, mas morre e se desfaz colidindo com o espinho. Sempre tem eu...
As cores da madrugada se escondem em meus olhos, semicerrados à realidade. O maior vislumbre ascende na magia do que é proibido. São cores que o mundo protege, cores que habitam o choro do nascimento e a emoção da morte. O brilho dos céus mente que é divino - Deus é que é. Preso ao meu olhar proibído, eu beijo Suas cores.
Outras cores, novas horas? Tudo ilusão. O ano é novo cada vez que o dia morre na escuridão da madrugada. Vês? Não? Então sente. Tudo é como antes... A vida, os dias, a solidão, as rosas e o teu espinho. Apenas as cores se misturam, insanas, ao sabor das ondas do tempo. Proibidas- Intocáveis.

Tudo exatamente como antes. As novas horas se vão como as antigas. Enlace. O nó é que muda: Está mais forte, obrigado.
O Nó se esconde, muta, bem dentro da alma.
Meu amor vestido de cores proibidas.