sábado, 30 de outubro de 2010

cai o manto da manhã, renasce o infinito

gotejando a tarde sobre o tempo
escorrego até a noite, brilhando com a tristeza da lua
sozinho fingo matar a paixão dos céus e
proclamo independência ao fim

Assim vou escorrendo plasma e sangue
morrendo sem tocar a morte
o dia se aproxima de minha face, o ósculo
roubado cheio de luz
gotejando a manhã sobre o tempo
e o fim
e o começo
do recomeço;

dependente da vida.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Deixa-me anoitecer?



e essa melancolia tentando envolver minha vida agora?


Não me assustes, musa, tenho medo de desvendar teus caminhos. Mesmo que estes sejam os meus próprios, os passos que dei no passado - e sei, os são.


O passado me trás as melhores sensações. Curioso é que naquela época minha existência não flamejava de júbilo... Então ouso concluir (e esperançoso pedir ao dEus) que meu presente atual será logo a alegria do futuro. Não. Bem sei que não haverá mais 2008 aqui nesse peito só. Se assim o fosse, eu teria o orgulho de apresentar ao mundo a teoria do pessimismo, no qual, ano após ano, tudo tende a piorar.


Não. Bem sei, não haverá 2008, nem pra mim nem pra ti. Em meu peito solitário.
Então deixe me apenas anoitecer, Melancolia.


Recuso o momento profundo, cansei de me afogar nas tuas reflexões angustiantes e belas. Hoje não quero ser poeta, recuso teus braços de poesia e a mágica dança das palavras.


Prefiro ser mais um, fechando os olhos, enterrando para sempre este dia nas areias do sono. Enterra minha dor e me abandona esta noite, quero muito.


Não te quero, não quero desvendar o sentido da vida nem desmembrar o segredo. Quero o silêncio, quero anoitecer sem o teu abraço.


Hoje não sou poeta: Sou o vento. Sobrevoando sem rumo a atmosfera, tocando sem querer a chama e o orvalho, inconsequente, livre, devoto apenas à minha trajetória errante; mando beijos para aqueles que acariciei como brisa da manhã, os que feri como ventania e os destruídos pelo furacão de uma atribulada depressão.


Amei-vos.


Rostos, tão-somente.


Hoje novas faces sorriem para mim e eu as amo singularmente. Porém o amor que recebi no meu coração e compartilhei nos dias do outono, não retorna com o mesmo toque de antes...


Rostos amei. Mas o único que ainda se aproxima ofegante e me rouba beijos é o teu, minha Melancolia. Mesmo em noites em que não te quero e nunca necessito - como esta.


Não quero! Não me seduzas, maldita Dalilah!
Solta meu pensamento...
Em momentos de plena solidão, eu só queria anoitecer... Então...


Deixa-me anoitecer?

Decifrando o vazio intimista, devoro a verdade e te entrego o escopo de um ser.


Meu ser.


Decifra-me? Te devoro.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Montanãs De Silencio

"Vuela tan alto como puedas
Nadie debajo
Nadie esta detrás
Siempre comienza cuando está solo.
Amor, temor, siente y encuentra en la soledad.
Tuya y nadie más"
Tarja Turunen.

Hoje, nada-meu-nada-teu.
Hoje o silêncio escondido nos horizontes do maior sentimento... Sem julgamento.

Não há posses. Atravessada a tempestade, resta a brisa do ultimo suspiro, refrigera a lembrança daquele olhar atribulado.
Hoje, depois da luta resta a sensação - descendente ao ultimo beijo... Aquele momento de poucos fôlegos, tranquilidade.

Não se tem. Se é.
Em Montanhas de Silêncio.
Você, cheio de ti, após o gemido de prazer, após o gemido de dor... Unicamente você.

E ninguem mais.



sábado, 16 de outubro de 2010

Baka!

:
Saltitando no teclado do notebook
buscando a distração pra essa pequenina solidão...

é que o dia está ensolarado, peguiçoso... E você não está aqui para fazer nada comigo, deitar tua fronte no meu peito e cantarolar aquela canção sem sentido.

Dançando suspiros ao vento, sorrindo para o Sol, aquele do brilho dos teus lábios.

(ta faltando certo rítmo)

(falta você)

- só tô tentando enganar a solidão... - só enganando a solidão.


( publicar ou não essa postagem pseudo-inútil?)
(não que as outras sejam úteis) (fúteis)
mas falta você!!
Pronto.
subiu,
ou
vo
o
u
e atingiu o céu, o
paraíso em teus
o .lh .os.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Epitáfio de Sentimentos

O silêncio que ele guarda nos olhos esconde muito mais do que as lágrimas que você deixou escapar, negligente. Se te ama, és apenas uma cor do arco íris. O restante, dançando até o pote de ouro desceu ao inferno e voltou sépia... Aquele vestígio de tesouros do passado.

E você negligente, ainda revivendo as árduas paixões!

Mas ele correu séculos adiante. Na terra afunda a mágoa profunda, o beijo salvador e, na tréplica, cálice de veneno – esse caleidoscópio do vosso relacionamento.

Se te ama (e eu duvido muito), é como o sepulcro ama a lembrança noturna. Frases que escorrem estéreis e morrem no cimento da lápide. Bem ali estás, bem debaixo, aquecida com os vermes. Se te ama (e eu insisto em duvidar), é porque o espectro que você deixou fugir no último ósculo permanece iluminando a sua frieza. Amor mal digerido, isso foi vocês.

Acorde desse doce martírio, enxugue as lágrimas vãs: ele não te ama!

O riso que ele entrega ao vento não pertence às lembranças de tuas carícias, aquele desespero cativante. Não te ama; nem resto de alegria sobrou naquele pensador sórdido. Mas é belo.

Sim, belo e caríssimo, dedicando ao além umas preces de morte – tolo, mais que a ti própria. Escondendo a vida em frases gravadas no jardim das almas mortas. Negligenciando a vida em nome do desfalecimento.

Acorde e abrace o mundo. Lá fora o Sol ainda quer namorar você!

De que vale amar a poesia, se ela decai por si própria? E da felicidade ascende melancolia, enterrando declarações de amor em frases de um epitáfio? De que vale entregar-se ao belo, se o belo deleita-se em apodrecer nos portões de um mausoléu?

Ele te ama? Não. Ama a fatalidade de ser silêncio e solidão.

Não te amo. Amo possuir a imortalidade de ser epitáfio em teu coração.


Magia, Paixão e Poesia - Decifra me enquanto te devoro

sábado, 2 de outubro de 2010

Devida primícia à felicidade dessa madrugada

Passeiam, mesmo que raramente, uns e outros raios de alegria consumindo minha fronte.
Especialmente, subitamente, hoje-instante-presente.

Tributo à agonia da solidão sempre entrego. Cuidadosamente em lágrimas colhidas, cristalizadas e arranjadas de modo a preparar diadema - pra Ti, Deus meu da tristeza vertida em poesia.

Justo e gratuito seria tornar agora também meu júbilo, guardado no gozo dessa solidão noturna; justo entregar destilada a alegria fumegando em essência de poesia!

Mesmo que desorientado e embaraçoso seja o prazer oferecido;
( sei não o que fazer com toda essa insônia eufórica)
Mesmo que arrítmica e engraçada seja a dança;
( sei não como ordenar os passos da liberdade)
Mesmo que pagã e vulgar seja a canção;
( sei não esconder a pureza de meu sangue ímpio)

Mesmo por soltas sílabas voando como balões coloridos aos céus, eu atingirei o coração do meu salvador.

Assim, exatamente como balões coloridos gargalhando ao vento...

E X P L O D A !

pOp!! Exploda gargalhadas no colo do Pai.


[valeu! sempre vale a pena]


Minha maior gratidão está na...
...Magia, Paixão e Poesia - Decifra me enquanto te devoro

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Diálogo Mal Encantado ou A Tola Princesa V

MAD PRINCESS – Garota Insana. Um dia saberás da honestidade de seu conto ou a morte será um sonho eterno? Pois que no orgasmo do inferno fostes concebida, entre as lágrimas da deusa do mal – solitária e fatal – e de uma nobre carcaça de paixão. Foi assim:

Há séculos do presente, embora escondido nesse mesmo instante, nascia da insatisfação da belíssima filha de Deméter uma personificação urgente e acolhedora. A dor de ser possuída pela serpente paterna, raptada pela escuridão do Hades e separada do coração quente da Natureza já transpassava à depressão: tornava-se um ser físico e atraente. De olhos azuis gananciosos e um toque de inocência, correspondia à personalidade bipolar de Perséfone. Adolescente da Primavera, Rainha da Treva Invernal. Na verdade dessa histórica mítica e apagada, aquela entidade que se criava ao olhar da entronada tristonha era ela mesma – em másculo contraste à sua beleza feminina.

MAD WHISPER – Devo crer nisso tudo ou ignorar o protesto político que te faz a respeito da tua legitimidade com um ser mitológico e surreal? Perséfone amou a si própria?

MAD PRINCESS – A história se produz nessas instâncias, queiras tu crer ou não. E a dor nostálgica de mamãe é que mutou (de tão intensa e bela) em corpo e alma vigentes.

MAD WHISPER – Boa ou má criatura?

MAD PRINCESS – Criatura. Como qualquer uma, pendendo ao que lhe aprouver os gostos – independente da positiva ou negativa moral. Era meu pai, meu bom pai. Um dia saberei...

MAD MIND – Saberás o que a verdade inventa nessas linhas escritas comigo.

MAD PRINCESS – Inventa que deixada às sombras depois de consumida pelo ápice de prazer que a dor pode oferecer, morreu ali uma semente de Deméter, derramada como sangue sobre o opróbrio da filha. Sim, entregou-se ao suicídio da manhã e ali, na tentativa de matar sua divindade, fui concebida. Bastarda da dor, prometida à escuridão... Sem uma mãe digna. Feita de sangue, gemidos e ranger de dentes.

Hades me adotou como seu mimo de estimação, fazendo injustiças e me prometendo ao primeiro príncipe desocupado que aparecesse. O mais parvo e fétido.

Mamãe, insatisfeita com o coito da vida, fez-me objeto de injúrias e cobaia de feitiços. Tantos deles.