sábado, 20 de outubro de 2012

Constatei:

Quem disse que é o amor próprio que mantém as pessoas vivas? Eu mesmo, se não possuisse três ou quatro pessoas a quem me fiz essencial, me mandaria daqui.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Diálogo



- Você já conheceu alguém irreparável?
- Tem tudo, o céu forrado de estrelas tanto quanto beijos de amor...
- ...Mas permanece transbordando pelas rachaduras.
- É fonte de vida, a poesia escapa e escorre áurea.
- Quem deixou que se quebrasse?
- Quem fez, cuidou que houvesse já os sulcos e depressões. 
- Autêntico?
- Fragmentação autêntica. Alguém muito humano.
- Você já conheceu alguém reparável?

sábado, 23 de junho de 2012

À espera

Esse tipo de descontrole poderia me deixar um pouco mais em paz. Ver que eu estou suficientemente virado para o canto do mundo, sem exigências, modestamente acocorado na vida. Esse descontrole ondular poderia perceber que não atoa dei as costas a tudo; ser um mínimo mais maduro e conter as suas traquinices, deixar-me tomando fôlego honestamente, soluçando dignamente.  

Mas não. E vem à gargalhadas, todo em excesso, pega-me pelo braço e inicia três mil danças pagãs mais corrida e pique esconde. Ah, o pique esconde! Some... Mas sei que ou aqui ou acolá ele retornará ligeiro fazendo festa. Descontrole não se contém, esse descontrole me aluga... Sabe o que me faz?

Em sua presença eu choro pelos homens, eu tremo de frio debaixo do cobertor e continuo a chorar os homens. Faz-me viver transbordando, e porque a raiz do meu espírito é baixa o que despenca aos montes são lágrimas irracionais. Ele me faz amar e rasgar as vestes de saudade, ele me faz notar as milhas de distância e engolir o Atlântico. Ainda mais, quando o descontrole me imita, eu duplico. 

Ah! Descontrole não enxerga minhas pílulas. Descontrole não está nem aí, quer voar e me levar consigo. Daqui? Antes fosse. Levar para mim mesmo. Dentro não posso.

O Descontrole me segredou: é o espelho da minha adoração e o reverso da loucura.

(Se eu tivesse coragem, enlouqueceria... Estaria seguro...)

*

Mas ainda outra vez, passos prostrados, me acomodo no canto procurando uma trégua, esperando fremente o próximo assalto inevitável do Descontrole. 

Se eu tivesse coragem...



segunda-feira, 23 de abril de 2012

Caracter

Não se permitir consiste numa contra-vontade. Pelo menos para mim para hoje. É difícil de sustentar. Principalmente quando os alicerces estão nebulosos incertos. Não sei bem o que é que insiste em ser, menos ainda o porquê dessa insistência: a tentação é enorme em cair no pedantismo de uma teoria qualquer a respeito da latente tensão humana em responsabilizar o mais desgastado dos sentimentos: o amor. Romântico mesmo. Ele não existe, ora, então, sóbrio e desapontado reconheço que a coisa anda mais escondida ainda. Volto ao primeiro esboço de agitação: que é isso que me habita e faz questão de ser presente, preza tanto a sua sobrevivência mais que eu próprio? (bem mais). Da vida extraio uma constante não permissão do que reluta. E no fim praquê? Me parece medo de "se entregar" - e mais uma vez caio no senso comum. Obviamente não posso afirmar que nada perco num salto no abismo; a prova do Paraíso é a mesma que refrigera a alma dos ateus.

Talvez não seja medo, talvez um apego às certezas. Sempre soube que a mediocridade (não num sentido pejorativo) é reconfortante. O contrário disso é o desespero dos poetas e as infronteiras dos insanos. Não sei a que vou contra, mais sei que vou contra! E a coisa do não-ser torna-se quase concreta:  o que não sou carrego nos braços. O que eu poderia ser? Aos quintos!

*

Quando quero enlouquecer, beber vinhos e gozar a festa dos falos, o mundo que se expanda numa luz de fogo destruidora! Quando quero o caos e o sublime. Tem dias sim, que eu despenco no escuro. Acordo chorando e com fissuras nos pulsos. Ressaca espiritual.

Mas hoje, para hoje prefiro a sensatez e os desígnios programados no papel. Só hoje eu quero lograr um possível futuro ideal e dormir com Deus.

A, se eu pudesse...

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Franca verossimilhança a respeito do que me motiva a transmitir um mal estar continuo ou Do porque sofro ou Meu amor e suas correspondências

Procurarei aqui justificar minha constante mistificação e culto aos males.

Todo dia, quase, construo cenário de opressão e maquio o elenco de face bizantina. É um teatro. Essa minha vida é um teatro, eu reconheço. E como toda arte, respira, produz e lancina vitalidade própria.

Vê como é bela minha encenação? Legítima.

Contudo tem sempre quem me aponte correlações à realidade com a obra.! A esses dirijo minha prosódia: as entonações podem sim ser reflexos de um texto-eu. Okay, eu tecerei relato do ante script para vocês. Disse de proêmio e ressalvo outra nova vez: minha mistificação decadentista, minha italicamente mesmo.

Justifico, caro erudito. Em suas pesquisas bem argumentaste uma depressão cênica, problemas que eu invento para ser triste. Justifico, caríssimo erudito. Logo. Assim que eu reconquistar o despudor.

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Já.

Isso: Quando to puro e impenetrável, só eu, alguém vem e me dá cara de angustia. Eu to bem, existindo despretensiosamente, daí eles vem e falam:
- Você está bem?

Surpreso em degradê respondo que sim.

- Sério, pode falar... O que você tem?;

ou logo sentenciam que to triste.

O que faço? Sou pleno e bem, até que me descobrem dor e eu nu. Nem sei mais quê sinto, quê sou, quê guia-me. E visto o figurino dado, crio fatalidades e as conto para que meu próximo possa acolher.


É disso. Minha tragédia eu faço para a catarse do próximo. Porque se me olhares na coxia, nem compaixão nem temor te possuirão. Apenas reflexos. E arrisco: sou como água corrente, o que te notas no meu olhar é o mundo teu com ondas.

Pegou? Para não me reduzir a nada e te deixar esperando de braços abertos finjo sofrer. E me abraças.


---

Tudo é Amor.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Em três atos

ATO TRES


Exausto eu tateio o telefone no escuro: "Allo"

Hoje foi dos tais dias em que eu luto incessantemente (minhas armas falíveis são sempre os estudos e o piano) e no fim me rendo cabisbaixo e recuo num canto. Começo a pensar na vida. Na verdade não eu, é ela própria que invade minha privacidade e inicia sua tortura.

A impressão de se sentir exilado há um oceano de distância de onde você propriamente é, é que não há um chão que te queira. Perde-se a esperança. Lá onde o dia é frondoso e a noite agradável ou aqui onde o dia é lacônio e a noite sedutora, onde quer que eu esteja... Basta encontrar um olhar perdido e então me dou conta: de quão perdido é meu próprio olhar. Antes pensei ter vindo para cá procurar minha esperança e ofendido dei-me conta de que havia deixado-a aos pés na praia, onde nasci. Talvez as ondas as trouxessem a mim – se suas danças não fossem ludicamente verticais! Mas não... Dissolveu no sal e eu vi que o que pari era mais uma ilusão: nem busquei nem esqueci. A esperança sou eu por dentro. E ando cansado de virar do avesso atoa. Calo meu movimento. Calei. Silencioso. Em todo lugar eu sou, todo lugar eu quero. E toda terra me foge.

Retribuem minha saudação sonolenta. O idioma do outro lado da linha é português e o timbre é fraternal.

Nunca soube quem era aquela garota na janela vagando com a órbita ocular sem uma procura... Tanto invejei... Uns olhos que passeavam cegos, olhando somente o interior. Por dias, todos os dias até hoje, eu a procurei nas esquinas; comecei a visitar os cafés próximos do bairro, ansiando sua companhia; conheci as bibliotecas, praças e museus, frequentei assiduamente todo o tipo de filas e assisti colóquios alheios. Era ela uma estudante também? Ou parente de algum estudante e que estava de visita naquela manhã?... Miragem? Essa sua existência duvidosa atrai-me ainda mais intensamente. Meu maior antagonismo: alguém que não é e que não procura, alguém que vive.

Procurei subir ao topo do mundo, onde situa o cemitério mítico da cidade, me proclamei coisa viva e prometi ascensão. Uma do tipo espiritual, consistente na minha satisfação de ser. E livre. Não resisti e caí na subjetividade, privei-me de deuses e salvações. Onde fica minha casa? Onde meu olhar pode tomar leito? No frio que é todo meu estive nu. Europeu. Mais numerosas vezes não resisti. A vida é isso: pura sedução e fraqueza.

Estou quase desperto e é engraçado que não compreendo bem o que meu tio diz ao telefone. Mas é família.

Na falta de procura que me impus eu procurei. Lares e certezas.

No fim, parece tudo perda de tempo, antagonismo calculado. Coisa inédita é só o pós-morte. Qual é a minha? Doendo e engrandecendo. Por que eu escrevo tragédia em papéis virgens?

A voz do outro lado embaralha palavras e tremula fonemas. É um misto de soluços e silabas de um idioma que eu já me desacostumara a ouvir. Mas meu. A mensagem eu entendi toda: uma moça levemente embriagada em alta velocidade, atropelamento, meu pai na UTI em estado grave e. Ensurdeci... Meu irmão morto.

Estações, hemisférios, humanos. Por que tanta tragédia em papéis virgens?

Voltar para casa... Minha.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Em três atos

ATO DOIS

Pouco se pode ousar nesse inverno.

Se antes os estudos e a suma-meta desviavam minha atenção de um amor deixado milhas tropicais para trás, agora eu me deparo tarde da noite tentando recuperar tal sentimento, esse meu, que foi meu, o de amar um outro coração que não o meu – e querê-lo ao lado, fluindo conjuntamente até a velhice. É verdade, a glória que costumava esconder minha imensa vontade de levar a vida em estepes onde nada mais há além do vento e a pouca vida se foi. Fora de júbilo, eu pedi para ser sozinho, logo que pudesse. E minha tese científica era o álibi... Que se potencializou em arma de um crime passional. Porque hoje já nem sei o que desejo para o sempre.

A neve veste estampa de paz e ela me sufoca. Nos excessos vive a clausura.

Pupilas que quase invadem toda a visão. Eu mal me lembro o quanto eu parecia apaixonado e ele também nos dias frios e como éramos independentes no calor. Pouco de nossas imagens se reflectiam no olhar um do outro, era muita escuridão e uma hipnose insensata, entretanto chamávamos de amor e até era. Como um tipo de anulação e afirmação cíclicas. Em novembro ele viajava para o litoral e servia de muso aos garotos tropicais. Eu preferia as noites paulistanas, o anjo negro na pista de dança. Mas quando o tempo amenizava podíamos procurar um ao outro entre abraços suaves e superficiais e criar um romance pitoresco. Sinto falta... De qualquer romance.

Contos tradicionais infantis são muito macabros. Especialmente Branca de Neve, por isso tanto seduz e leva à necrofilia. Mortos, abracem-me?

Não, eu não sei mais se quero me afastar progressivamente. De tudo. Ou se prefiro voltar às merrecas romanescas, não sei. Sazonal. Talvez eu esteja no cúmulo do decadentismo, mas desisti de ser negligente aos cúmulos. Nessas novas vezes eu me entrego feito recém-nascido no choro e sigo em frente por entre as paredes gêmeas, de modo distraído o suficiente a não recordar o caminho de trás. Eu não quero voltar. E noto que também não quero chegar. Ando tão contraditório, querendo sair disso num apego imenso a isso. Talvez meu amor pela solidão fosse narcísico. Sazonal.

Apenas o frio me pertence, neve como nuvem gelada na minha porta. O céu desceu aos meus pés e me aprisionou.

Só mais uns meses e eu voltarei ao meu inferno caseiro, no hemisfério sul, mais próximo da inconveniência do Sol. Menos à mercê das inseguranças... Sou eu, olhos que viajam o mundo lá fora, quietos entre o vidro da janela e a ventania, inquietos entre o interior e a estaticidade eminente em cada móvel do quarto. Uns olhos vizinhos inalcançáveis... Talvez agora sim eu esteja em casa, por isso me perco tanto. E quem me procura?

Batem na porta e eu não posso abrir. Estou preso em minha neve privada.

domingo, 25 de março de 2012

heartstorm

Meus sentimentos poderiam ser mais definidos,
o Sol poderia retorcer-se mais ameno,
fuso horário poderia ser só um.
Ele poderia estar menos longe,
ou não tão dentro.

Eu poderia cansar um pouco menos de sei-la-o-que,
taquicardia poderia ser só a literária,
inspiração poderia existir,
verso doeria menos.
O silêncio poderia ser suficiente,
as estrelas mais simples,
a física e a poesia menos irmãs.

Vazio de despedida poderia ser menos cheio,
despedida poderia não ser tão diária,
meu nervosismo em manter...
... eu poderia ao menos saber
qual feitiço qual mistério...?

Qual
Remédio
Pra tanta
tanta loucura?

sábado, 3 de março de 2012

O Livro da Loucura e da Adoração

Índice remissivo antecipado
Um Trabalho talhado de tensões e insônias.

Jamais cri eu poder ser tão devoto, afinal escalas de sentimentos já evanescem com a sutileza de um tímido espectro de luz, o que dirá então de todo o prisma de cores da realidade invadindo a epiderme? De modo que qualquer fantasia apaixonada se apagaria.

E apagou.

Jamais cri eu pagar tributo mesmo após ver o quão vã é a Terra e tudo o que nela orbita.

Um léxico básico:
Paixão: certeza efêmera feita de efêmeros suspiros e efêmeros hormônios.

Eu que fui consagrado às incertezas permito-me assassinar o que é belo (e superficial) e elejo o amor. Ele é feio, tão palpável como palpáveis são as chagas abertas de Cristo.

E adoro.

Proêmio
Como apagou.

Naquela manhã um homem três palmos a baixo da miséria fora guiado à forca. Seus pés arrastavam-se sobre a aspereza do chão público, o de todos nós. Sua caminhada penitente era iluminada pelo raiar intruso e acusativo do sol, aquele mesmo astro mãe negado durante o tempo de cárcere. As suas mãos enlaçadas eram gêmeas caladas, aleijadas. Deixassem-nas livres e com elas ele voaria para a condenação dos céus.

Confuso, porém pouco surpreso notei que não era uma corda aquilo a envolver o pescoço rendido do homem, era uma serpente. Pálida e embriagada, abraçava aquela vida. Bicho desmembrado abraça com o seu todo e mata.

- Algo a dizer? – perguntou a voz áspera-encapuzada.

Acenando negativamente a cabeça, o homem prostrou os olhos na multidão me procurando. E eu corri longe daquele maldito olhar... O crime pertencia-me. Eu era o culpado! Mas me perdoou, eu sei. Ele perdoou a todos nós e morreu.

Minha paixão humilhada, rastejante e mártir morreu.

A culpa fica, a culpa sou eu.

I
Tensão.

Em cárcere ameno um poeta folheia antigas cantigas, retalhos de fascinação e engano. Fora longe – pródigo! – o tempo das virtuosas inspirações. Resta hoje o meditar a respeito da mentira e da verdade.

II
Insônia.

Sobreviver quando estás tão longe se torna uma promessa de vida. Mesmo que jamais tenha prometido algo assim.

III
Tributo e devoção – Incompletos.

Mil poemas iniciados e incompletos eu guardo na gaveta. Te darei meu labirinto verbal!

Talvez assim funcione porque eu esteja em pedaços e em pedaços esteja você também. Nossas rimas, nunca, nunca, nunca se encontram.

Mil versos livres sagrados...

Desarmônicos. Não é a música de um poema de Verlaine. Desnorteia, rabisca minha precisão, amassa meu esmero! Eu pego fogo, você me ascende!

IV
Paixão.

Dei tanto, tanto... Ao máximo dediquei o labor de te amar. Fiz ainda mais: eu fiz demais. E nada do que e edifiquei cabia à tua alma. Ás vezes penso que o que construí foi uma fortaleza e te privei do sol.

Fiz tudo, mas bicho desmembrado que sou, matei-te num abraço.


V
O belo e o feio (quase putrefato).

Trata-se da mentira e da verdade.

O poeta.

Abriu passagem pisoteando as folhas no chão, sufocando a vida. E caminhou até a porta de sua confinada habitação. Lá fora o mundo mantinha seu espetáculo circense orgânico, rodopiando entre as pernas da mãe Terra; sonâmbulo, ébrio feito boêmio idoso. Até as escuridões mais intensas das esquinas da noite ignoravam ser manto de sacrilégios e dançavam a dança de Salomé. Quanta infinita gente doendo insuportavelmente, debaixo de um cobertor ou sem ele, quanta decadente solidão e angústia no palco de hoje... E o que é poesia nisso?... Nada alem de dissimulação. O verso perfeito tem ritmo de mentira e negligência. A verdade cala, aponta e condena. (a si mesma).

Uma peregrinação: a paixão quase vive de tanto que sua morte persegue.

O belo e o feio (quase putrefato), parte 2.

Saudade. De te abraçar feito serpente.

VI
Palpável.

O sono quase mata. Quero e preciso dormir justamente. Mas é que escrever sobre você ilude que estás perto. E sinto um cheiro que deve ser o teu, uns calafrios que devem vir da tua pele tocando a minha, uma inquietação que é o teu olhar sobre mim, uma solidão imensa que deve ser a tua. Tudo é você. Meu coração e eu decidimos.

VII
As chagas de Cristo.

Ele tentou afastar o cálice, contudo a vontade do Pai prevaleceu. Nem toda adoração deve ser revelada. Pois então eu me calo e digo apenas coisas com dor carmesim – todo fluxo sanguíneo teu eu guardo junto ao meu (e passeia e filtra e dá vida. Sístole, diástole, sístole, diástole...).

Nem toda adoração deve ser revelada. Caso ocorra, triste e pesado fica o adorado em querer recompensar com milagres. Não faça milagres por mim, você não precisa me amar.

Eu mesmo não te amo, é outra coisa.

VIII
... E adoro

Teu cabelo... Feito o mar proibido da madrugada. Quão tempestuosas são as ondas que me ferem, me afogam e me fascinam. Este teu negro diadema desce a pele doce e morena, joga-se em movimentos livres inconstantes, dança teu cabelo e eu com ele quero me perder para sempre... Quero beijar tua cabeleira tão profunda, sentir seus fios inundando meu rosto, cegando meu mundo. Provar do sabor, inalar o perfume. Como manto do universo, como o infinito tua cabeleira me suprime, me encanta... Cascatas me conduzirão até tua tez centrada e acariciarei as sobrancelhas que adornam uns olhos tristonhos e cansados... Ah, eu beijarei teu olhar e meus lábios te darão o sono e descanso, meu rei e adorado.

Se te afliges um malogro, rente, ao teu peito, meus ouvidos ficarão e escutarei teu fluxo de vida pulsante... De novo meus lábios prometem tocar tua vida, e com um sopro afugentarei os maus espíritos. Vem, amado! E flui comigo, com meu ser todo entregue.

Nada penitenciarei a ti, pois minha devoção é espontânea. Teu lábio superior é como o horizonte de um lindo pôr do sol e o inferior tem gosto de mel e a frescura das flores. Algo ardente possui meu coração e é o pensamento dos teus dedos, esses leves e santos que correm sobre mim buscando sinfonia. Sinfonia mais pura é a da tua voz que me devaneia e hipnotiza.

Sou a sombra da tua sombra, o guerreiro que jamais deixará dardo algum atingir-te.

E se meu ser todo anda prostrado é porque sou mortal... E se meus olhos se erguem é porque buscam a glória dos teus. Como duas aves debutantes sobrevoando a praia num fim de tarde são teus braços e eu os anseio!

Pouco sou, acanhado eu sonho no dia em que tua vida envolverá a minha. Lá estarei a salvo...

À luz que persegue cada passo que caminhas envio orações, às pessoas que te tocam envio poesia, ao dia que te desperta e à noite que te refugia eu declamo música sacra. Meu culto permanece eterno, pois às estrelas todas eu conto e à elas peço que conte às suas amigas que eu te adoro. O Universo esconde o segredo.

Tu és meu segredo, supernova.

Eu te adoro.

Prólogo
Saudade





quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Em três atos

ATO UM

Uns olhos eu espiei pela janela do apartamento.

A manhã estava gelada e era tanta neblina que desconfiei que as nuvens houvessem baixado ou então meu prédio havia sucumbido às alturas e eu morria - morria e o paraíso é bem idêntico à Terra: as ruas íngremes lá fora, a grande ladeira, o senhor que caminha solitário até a padaria, cão de rua e a rotina universitária. Mas não, nem subida aos céus ou descida deles até a borda da minha persiana... Era só o inicio de uma manhã européia. A verdade é que me acostumara tanto com o calor preguiçoso do Brasil, meus colegas de quarto marchando a marchinha do atraso e aquele sol ultrajante querendo violentar as portas e frestas, que a tão sonhada atmosfera úmida e fria (não queria usar essa palavra, estou procurando um quê mais adequado para o que sinto todos os dias ao aspirar o frescor, um quê mais solitário), úmida solidão desse país me pega de surpresa todas as manhãs! Eu adoro me surpreender todas as manhãs - adoro essa solidão úmida e fresca, mas temo tanto quando ela se tornar a dama da nevasca... O inverno.

Uns olhos eu espiei pelo vidro, dançando em espirais.

Quando morava no campus da capital, cento e cinquenta e sete passos do prédio da faculdade, eu seguia certo ritual matinal que não vem ao caso no momento, mas que tinha como objetivo não uma espiritualização com um Ser Supremo. Era puro intento de atraso! Jamais gostei de chegar cedo na sala de aula, ter que escolher um lugar, ver todos que chegavam... Meus amigos diziam que isso era um tanto esquizofrênico. Tudo bem, entre amigos rimos e partimos para outra prosa qualquer. Eis o atrito: um dia uma amiga de uma amiga (essa espécie tão constrangedora), por simplesmente ter na carteira da universidade o título de aluna da graduação em psicologia me disse: "você é excêntrico. Não gosta de ser a platéia e sim o palco. Se você chegasse antes de todos, não te notariam." Claro que respondi à insolência da tal pseudofreud. Com a sobrancelha direita sobressaltada, o suspiro desdenhoso, a mão esquerda na cintura, minha chacoalhada de cabeça em sua direção e: "gênio". A coitada me definiu pelo ascendente, e não pelo signo.

Aqui o rito se repete, eu abuso do vento e dos cigarros, entro para a classe. Quero que girem suas cabeças para trás, para a porta ver o intercambista chegar, quero que o professor faça uma pausa e olhe por cima dos óculos condenando-me ao purgatório; enfim, quero espalhar meus cadernos e livros sobre a mesa e desenhar desenhar desenhar... Ah, minha querida! Não somos mais colegiais! Eu me atraso porque não nasci para aberturas, prefiro a vida brusca.


Aqueles olhos jamais encontrariam os meus, aquela vida jamais seria apresentada a minha. No entanto eu lhe invadia uns instantes, atrasado, ignoto.


Ninguém questiona. Pouco se sorri e apesar do frio, observo muitas ausências de abraço. O mais incrível é que depois de vinte e três anos de angústia calada eu sinto que encontrei lar. Nesse lugar onde o outono é realmente outono e o amor tende à quietude... Longe do espírito carnavalesco da minha terra, longe até do colo materno! E poucos tentam cruzar uma amizade comigo. Antes de vir para cá palpitei muito que seria O Intercambista, no entanto sou ninguém. E é delicioso... Nem palco nem platéia: coxia. Estou "em casa".

Estava. Até hoje, quando minha luz se rebelou e caiu levando a terça parte do meu ser até a queda mais profunda, aquela dos olhos que percorro do outro lado da rua, no sexto apartamento do prédio vizinho.


terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Thay

"Então me dei conta de que o dia mais romântico e doce do ano em todo o mundo é também o dia em que celebramos nosso aniversário... Hoje, quatorze de Fevereiro de dois mil e doze, o primeiro.

Anjo que sorriu para mim e fez da minha máscara de tragédia, júbilo e exaltação.
Anjo que desnudou tua máscara e a mim se entregou tão pura como és.
Anjo que eu vi o peito, a embriaguez d'uma gargalhada e o ópio sagrado do gemido terrível.

Mal tenho poder sob o verbo quando se trata de salvar tua alma, e eu sinto tanto... Quando te dói quereria eu furtar-te o coração e guardar pulsante bem ao lado do meu (eles juntos dançam dançam dançam e falecem, e ressuscitam ao sentir um beijando ao outro. Magia gêmea). E sei que sou feito de erros... Peço perdão para sempre, eu que queria ser perfeito porque o que me entregas é mais do que aura celeste.

Sabes, anjo, que eu sou como a Lua, furtando a luz do Sol para ser adorada. Eu sem os astros sou apenas um monte de crateras e um deserto sem vida. Mas você não tem sido o Sol ou qualquer outro corpo sideral presenteando-me beleza! Ah não, você é meu próprio brilho e escuridão! A luminescência que o mundo vê em mim é toda você e quando escondo minhas profundas depressões no lado oculto da vida você também está lá... Conhece cada ferida e cada carícia.

Minha luz e minha paz, minha tormenta... Diria então: anjo, meu tudo!

(Entretanto eu sinto um pouco de angústia ao lembrar como você sou eu! É bem mais seguro não sê-lo)
(Entretanto eu agradeço por ter de verdade e mais profundamente um refúgio da solidão, meu Tudo)

Agradecer a quem? São Valentim? Bem... O dia é dele, aquele que rompeu a regra fria da humanidade e apostou sua vida e morte no amor e em rosas. Ou talvez a Eros, o brincalhão.

Cristão ou Pagão, eu sou todo teu. Lunaticamente teu. Até que o Universo vire pó - então seremos todo Ele."

[eu super queria postar aqui aquela foto que tiramos no ponto da Geociências depois da ultima FestECA... Se eu tivesse ela... '-']


domingo, 12 de fevereiro de 2012

Sonho Realidade

Uma vez eu sonhei - por falta de opção - que o teu amor era inesgotável . No sonho eu não precisava economizar-te, todo o tempo eu compartilhava ao teu lado e minhas palavras eram incontidas cascatas desembocando nos ouvidos macios teus. Como eu acariciava tua pele de jambo e brincava com tua cabeleira negra e densa, evocando sono e paz.. Você dormia em meu colo e eu sussurrava os poemas secretos dos meus amores passados, das vidas passadas.

Todo meu antes e depois, todas as minhas reencarnações louvavam sem medo a tua presença!

No sonho minha aura se aquietava e cingia-se inteira de veludo para deitar-se sobre a tua, aquecer teus frios, suavizar tuas asperezas. Eu tinha fé no meu culto à tua imagem. Lá no sonho, toda a vez que me crucificavas eu conseguia sorrir, pois teu seio emergia e imergia tanto quanto o meu amor crescia e desfalecia. Eu podia desfalecer! Como na noite em que perdi o fôlego e tive medo de ti.

Mesmo que nossa história fosse peça trágica, eu sorria: teu amor era inesgotável.

Dessa vez que sonhei... E quando acordei me detive um instante. Um passo falso, olhos de ressaca e meus desapontamentos pela farsa onírica. Talvez, provável, eu sinto... que nem me amas mais. No entanto continuo detendo-me à crueza da realidade. Ora, eu sou poeta! Viverei um sonho ou um pesadelo, tanto faz. Mas que eu tenha sempre aquele sorriso lacrimoso quando te ver, e que eu ame nossas condenações.

Tenho muito medo de desfalecer em vão, sim. Mas minha adoração é inesgotável.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Gar tuht river ger te rheged

Palavra profética dita por mim, alma contrita, discente soberana da Era Vazia (porque eu nunca aprenderei a ser o que o tempo exige que eu seja):

Três tentativas e uma visão. Enquanto meu amor mortal mantinha-me hipnotizada por sua pupila imensa eu vi a silhueta sombria à margem do rio, de um belo e decadente cisne cinéreo louvando o silêncio. Pairando solitário. E eu nunca entenderei o que tal alegoria poderia, se sagrada fosse, revelar. Nem em uma tela ou num papel em borrões e rabiscos sinuosos. Criarei uma angústia e um enigma indecifrável e entregarei em envelope de vingança a minha alma gêmea.

Amado meu, por que me deste esse quadro? Quereria tu apenas inspirar-me? Talvez tornar te mais próximo a mim aqui inalcançável no palco da devoção que encenas dia e noite? Creio que não... Tua fascinação é fuga, peso, é tudo que sufoca glorifica, menos ambição. Se te sobes, quanto mais você cresce o espírito, mais alto me elevas. Estou infinitamente longe - divina.

O que o homem crê na revelação de Deus é bem aventurança. Já o que eu encontrei no profundo olhar de quem amo é anátema! Ultraje vestido de plumas e feitiço mundano. Minha visão é fantasia - a obra prima da humanidade. (Toda maravilha inexplicável vem do labor do homem em fugir) (de Mim).

-Eu não estou mais apaixonada.

A efemeridade assusta. Menos que aquele algo que se mantém e não é amor. Amor nunca se mantém, torna-se penoso demais; dias acumulam medos e exigências, nunca sobra "amor". Mas há um tesouro que vi em seus olhos, uma existência flutuando nas águas escuras de nossas pupilas. Permanecerá a adoração, e adorarei para sempre...

Deixarei-te ruir em pedaços infinitos. Sinto muito. Homem, alma gêmea que devota desespero da vida, amado meu. Teus estilhaços são adoráveis! Sinto muito, eu não posso salvar.

- Afinal de contas o amor nunca salva.

Ele exila. Quando te desejo te rebento no chão, cravado. E me adoras, tu me tornas inatingível nas nuvens, etérea. Não há Elisium. A verdade é que doerá enquanto o Sol queimar (um dia ele congelará defunto e nós teremos desfalecido tanto antes).

Um afago ameno é a poesia de nossos olhares. Olhe para mim! Na superfície cristalina flutua uma adoração... Além dele um conto de fadas. Na fantasia há amor supremo, lá e apenas lá. Aqui seremos sempre erros irreparáveis, cacos de vidro, um homem e uma deusa, a arte e o crítico...

...Tons de cinza e uma adoração indecifrável.

"Gar tuht river
Ger te rheged".
Tuomas Holopainen

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Gar tuht river ger te rheged

A terceira tentativa e do alto do altar edificado pelos afáveis irresponsáveis, minha vultuosa alma gêmea larga o pincel. Desta vez sóbria! Porque em todo tempo, quando falha, como quem desfalece, ela abre as mãos imensas sonâmbulas, suspira e freme d'uma vertigem morna. Sua desistência costumava ser o seu berço, mas hoje não. O que lhe deu para guardar esmeradamente a tela, o talento e descer as escadarias de seu templo?

Terá, de fato, dado o ultimo lance? Sétimo dia? E a natureza-morta de setembro se consagrará obra final? Amada minha, negligenciei teu absinto? Volte e cumpra teu dever de divindade do século XXI. Embriaga-te! Não nos preocupamos se estarás ou não inspirada para criações... Não há desapontamento se não presenteia com milagres (o que faz um deus, um poeta, um artista hoje se não cair? apenas cair... arte por arte é a fé contemporânea). Embriaga-te e falhe como só você pode, e te daremos um diadema de pérolas e iris. De joelhos adoraremos a pobre alma tua.

O meu amor não me escuta. Voluntariamente não me escuta. Está sentada entre os degraus medianos, lendo nossas mentes. Talvez esteja sequestrando inspiração. Ou questionando o porquê de termos a transformado em alabastro da arte. Nem sabemos! Nós, os irresponsáveis afáveis... Sinto tanto não poder sentir teu doloroso cativeiro. É que é belo elevar-te.

A distância? Talvez ela só queira descer e se juntar a nós. Mas você não pode, querida: Cristo desceu e foi crucificado.

Minha alma gêmea olha fixamente em meus olhos e sorri. Eu temo sua loucura. Terá ela um plano oculto? Ou uma nova tela? Eis que o seu silêncio é peregrinação para mim. Eu humildemente caminho e aceito. Ser uma deusa nos dias de hoje massacra. Caminho e aceito.

- Meu diálogo é tributo.

A terceira tentativa desde setembro, desde os astros mortos, desde que a paz veio tingida de angústia. Será que não me ama mais? E descerá, e morrerá, e ressuscitará?

Eu, solitário homem sem uma fé.

- Não, amado. Eu só queria pintar um cisne cinéreo.

"A swan of white, she came to me
The lake mirrored her beauty sweet
I kiss her neck, adore her grace
But needed nothing she could give"
Tuomas Holopainen

Minha alma gêmea, nossa fascinação acabou? Eu não estou apaixonado, ela não entregará o seu coração e em pedaços eu continuo, cinéreo.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Sobre o poeta e o profeta, uma viagem a Paris e o coração

Idade das trevas?

Hoje é que é. O vigésimo primeiro pós criação do Mito Cristo e da corrente decadência do homem rumo ao limbo. Nossa treva, furúnculo e fedor contemporâneo é adimensional e o riso creio eu ser pus (morte em peleja do mal). Nesse cenário nada onírico, desperta em mim a reflexão a respeito de duas profissões que, no ano um emergiram vívidas, mas cativa dos dias atuais sofre de lepra. São aqueles que de algum modo tratavam da espiritualidade: o poeta e o profeta.

O homem primitivo (e tenho meus resguardos ao usar essa palavra) sempre necessitou de um salvador. Ora Deus, ora a Poesia. O oráculo se materializava, então, na figura do poeta ou do profeta.

Uma pena, uma cálida lástima é a escuridão a que chegamos. Não há mais bons espíritos, não há mais fé e resta pouco de salvação. Menos ainda para mim, que outrora resplandecia feito Orfeu.

Por que ser o que sou?

Mas sou. E tenho escrito tão pouco, próximo ao nada. Simplesmente não enxergo nem ciana esperança na arte e na existência sagrada... Entretanto e no entanto tão pouco a ser "desvendado", não é disso que quero divagar (é que depois que previ o fim necessito sempre explicar a que venho, porquê da minha palavra). Por aqui basta meu confronto. Venho pois, falar de algo que me silencia: amor.

Eu, poeta, pai de inúmeras poesias anseio por escrever sobre esse amor. É ele o único que faz-me tocar a pena nos dias como os atuais, ousar palavra a palo seco.

Isso não é ficção. O eu lírico não apenas se assemelha ao eu empírico. Meu nome é Filipe e ando percebendo que amo feito pétalas de sangue, mal do século, rouxinóis de Wilde.

Ele vai embora... Meu amor vai a Paris! E nem que seja tropeçando em cascalhos e verbos, quero entregar-lhe algo árduo.
(e é árduo, Cé, acredite: escrever tem sido para mim a dor maior)

Como poeta eu vislumbro um quadro poético da era romântica. Jovem mancebo acaricia fremente uma paixão realizável, porém ela tem que partir por um longo ano. Prova de amor? Eu choraria um oceano por você... Mas já temos um.

Como profeta... Ah! É prova, é jejum e tentação. No fim terei crescido e depois, em 2013, te ensinarei a ler meu coração - se quiseres.

Então retorno ao circulo rascunhado no inicio deste texto, pois tanto o poeta e tanto o profeta estão fracos. Tanto que de dia e a noite falecem em meu colo. Sou só o Fil. Só ele, com seus remédios, sua casa, suas férias infindáveis, flutuando em bolsões de tédio. Como então, eu, este aqui, nu de empirismo, encara a tua ida?

Fascinação que tem me mantido nos passos da dança. Você. Emudeço e choro.

Desapareceram todas as alegorias. As Helíades confundem meu espírito. Eu te amo.

Eu te amo, ponto.

Voem musas, voem anjos! Voltem para o Helicão, o paraíso e a luz divina d'onde vieram. Não vos preciso. Eu tenho o Cesar.

Te amo e nada mais preciso dizer. Permitiram que eu o sentisse assim, perfeito. Permitiram que eu o sentisse minha estrela. Mas não seria seguro afogar-te em emoção, bem sei que teu olhar me guia para a razão.

Você é meu amigo. Foi assim que começamos, não? Te confio todos os dias todos os meus eus - os luminosos e os demoníacos. A aura é surreal e nela temos uma caverna mágica, com um baú de defeitos e dores. Meus e teus. Mil e uma noites e infinitas questões da vida... Eu temo você, quieto, solitário, longe, indecifrável. Astro errante, vem e colida. Me destrua? Nossas estrelas são distintas, mas quando Melancholia vier seremos um.

Ele aquietará seu corpo na França. E três mil poemas eu farei ao aquietar minh'alma nas têmporas do vento, errante, meu, parisiense, tocando seus lábios no alto da Torre Eiffel. Fecho os olhos! Você está aqui.

Não me inebriarei com teus cabelos nem beijarei todo sorriso teu. Meu novo ópio se chama saudade!

Que seja agridoce.
Porque você é das exatas e eu das humanas (!).
Que seja o que foi o tempo todo: meu enigma mais atraente.

Desbrave as galáxias, encare um buraco negro, desafie o tempo, encontre universos perdidos... Eu estarei te esperando, meu cientista lindo. Eu e as galáxias, escuridões e mistérios do tempo que crio todas as noites antes de dormir.

Um hiato e eu ouvirei: sistole, diástole, sistole, diástole, sistole, diástole...

Voaremos.