segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Gar tuht river ger te rheged

A terceira tentativa e do alto do altar edificado pelos afáveis irresponsáveis, minha vultuosa alma gêmea larga o pincel. Desta vez sóbria! Porque em todo tempo, quando falha, como quem desfalece, ela abre as mãos imensas sonâmbulas, suspira e freme d'uma vertigem morna. Sua desistência costumava ser o seu berço, mas hoje não. O que lhe deu para guardar esmeradamente a tela, o talento e descer as escadarias de seu templo?

Terá, de fato, dado o ultimo lance? Sétimo dia? E a natureza-morta de setembro se consagrará obra final? Amada minha, negligenciei teu absinto? Volte e cumpra teu dever de divindade do século XXI. Embriaga-te! Não nos preocupamos se estarás ou não inspirada para criações... Não há desapontamento se não presenteia com milagres (o que faz um deus, um poeta, um artista hoje se não cair? apenas cair... arte por arte é a fé contemporânea). Embriaga-te e falhe como só você pode, e te daremos um diadema de pérolas e iris. De joelhos adoraremos a pobre alma tua.

O meu amor não me escuta. Voluntariamente não me escuta. Está sentada entre os degraus medianos, lendo nossas mentes. Talvez esteja sequestrando inspiração. Ou questionando o porquê de termos a transformado em alabastro da arte. Nem sabemos! Nós, os irresponsáveis afáveis... Sinto tanto não poder sentir teu doloroso cativeiro. É que é belo elevar-te.

A distância? Talvez ela só queira descer e se juntar a nós. Mas você não pode, querida: Cristo desceu e foi crucificado.

Minha alma gêmea olha fixamente em meus olhos e sorri. Eu temo sua loucura. Terá ela um plano oculto? Ou uma nova tela? Eis que o seu silêncio é peregrinação para mim. Eu humildemente caminho e aceito. Ser uma deusa nos dias de hoje massacra. Caminho e aceito.

- Meu diálogo é tributo.

A terceira tentativa desde setembro, desde os astros mortos, desde que a paz veio tingida de angústia. Será que não me ama mais? E descerá, e morrerá, e ressuscitará?

Eu, solitário homem sem uma fé.

- Não, amado. Eu só queria pintar um cisne cinéreo.

"A swan of white, she came to me
The lake mirrored her beauty sweet
I kiss her neck, adore her grace
But needed nothing she could give"
Tuomas Holopainen

Minha alma gêmea, nossa fascinação acabou? Eu não estou apaixonado, ela não entregará o seu coração e em pedaços eu continuo, cinéreo.

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