sexta-feira, 27 de maio de 2011

La Mort


"Eve pode morrer em paz. Perdeu o motivo e a luz da salvação, passo a passo, rendida pelo mal... Eve pode abrir as ventas da vida, o sangue escorre debaixo d'agua, o corpo afogado de angústia e desolo. Enfim, Eve pode morrer..."

Não venhas tu dizer que sente muito. Tudo inicia com boas intenções quando o romance é novo; você tentando mudá-la, escondendo a penúmbra com incandescência artificial, beijando-a com amargo sabor. Como se depois do arrebol vespertino não houvesse treva na encruzilhada! Pensa que muito ajudou tornando-a dependente do teu sujo favor. Favor, porque aquele veneno degustado qual vinho nunca jamais nem deve ser nomeado amor. Nega tua lágrima agora! Eu bem vejo todo o vazio que escondes. O cravo que cuspiste na sepultura logo apodreceu, querido. Da vez que pisou, da vez que rompeu as artérias, da vez que mentiu promessas, da vez que fingiu carícias, da vez que salteou santidade. Deus resguardou todas. Então não adianta lavar as mãos, o paraíso jaz cravado em ti, quando apunhalaste a Vida. Acabou... Vá viver teu insigne rastejo.

"Sou eu quem à Eve velejo...
(até a consolação eterna)"

Magia, Paixão e Poesia - Decifra me enquanto te Devoro

terça-feira, 24 de maio de 2011

Solilóquios de Desirée

"O amor sempre foi um adereço para as putas. Desde muito, as paixões avassaladoras de umas e outras damas da noite foram motivo de literatura, arte plástica e - num todo - fetiche social. Quem não se encantaria pela trágica história de uma linda condenada ao exílio do romance verdadeiro? Tomada pelos prazeres de vís homens enquanto presa a solidão? Sem um amado?..."

"Quem não se encantaria: eu."

"Sabe o que é? Hoje me lavei com mais esmero. Não mais me engana quem diz que o amor é uma virtude, algum galardão a ser mostrado com orgulho. O primeiro que amou não pertencia a uma dinastia soberana, nem cingia-se de servos... Isso não eleva, não purifica, o amor assim não nasceu no plano celestial (Deus nos amou como pai)! Ao vento que tenta acariciar minha face clonando a epiderme do amado, eu o faço recordar: és gelado. És vento, eventual."

"O que foi afinal que transcendeu? Eu estou viva; você, intacto; o mundo nem rompeu a rotação e Deus sonha. Tudo como antes - cada átimo."

"Nada curaria o rompimento da virgindade... Tão pouco o véu descoberto poderia ser resgatado: a face foi vislumbrada. O que se viu? Lúcida, febril, ávida, taciturna; putrefata semente. Antes e depois do amor. Antes e depois."

"De que serve? Rendição não existe para putas. Encanta-te?"

"Escarneço da imagem ridícula no espelho. Antes e depois do véu. Mudou o curso do Universo? Astros desfizeram seus segredos? Conta o teu mais lindo romance e vê se algo brilha. O teu mais lindo, mais lindo, de olhos verdes."

"Mas algo morreu. Sim, sim. Minha impureza. Caí na contradição: amo, e por ti - o mais lindo - seria a mais linda. (Mas não sou)"

Deu uma ultima olhadela no espelho, o batom vermelho lhe irritava, e foi para mais noite ardilosa. Na garupa da moto, percorreria no limite, agarrada à frieza de Jack, pela estrada negra e eterna.Viveria, só mais um instante.


"Só mais esse instante."

Magia, Paixão e Poesia - Decifra me enquanto te Devoro






domingo, 22 de maio de 2011

A Filha do Vento

(Intertextualizando almas):

Verônica deixa para trás um último véu. E até houve alvura! Houve cintilância, veludo e perfume maciço. Agora é isso, o orvalho gelado escorrega pelo mármore, o rosto descoberto emociona-se com o vento e a nudez da madrugada... Ela vê a lua que ainda é cheia, tão densa quanto a dor latente, lunática. Crateras e os olhos verdes pairando por detrás das luzes da cidade.

Onde foi parar o último véu? Desprendeu-se do espírito distraído, desvairado; sem glória. Percorre o mundo, tolo; percorre o mundo em busca do sagrado gêmeo de paixão. Como se houvesse... E apenas resta uma pureza solitária.

-Volta, cobre a promiscuidade de Verônica! Cobre a vergonha de amar. Que dói.

Numa exaltação frenética ela vomita; numa exultação cadente a noite se afunda em seus olhos - ela só quer poder tirá-los de ti. O céu desce vazio, a ventania dança vazia, o mundo peleja... Vazio.

E você... E Verônica... E eu...

Tudo bem... Tudo bem...

Magia, Paixão e Poesia - Decifra me enquanto te Devoro

terça-feira, 17 de maio de 2011

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Então é isso?
Tapa na cara? ( e eu já disse que não gosto)

É bem isso. Deste-me um broto de luxúria, entoaste ode e rimas de Afrodite, beijaste minha solidão. Sou todo escravo...

Vomitaste-me após o gozo.
Arrancaste as asas da borboleta.
Consumiu com lava, petrificou meu coração magmático.

Logo eu que tanto antes te idealizei... Logo eu que tanto antes te necessitei. Necessitei! Ora, sem tu estaria eu numa sarjeta. Hoje percebo: ao menos minha sarjeta!

Pois que tudo que tenho é você e, confesso, você não faz parte de mim.

{ Fil cuspindo decepção. Misto de raiva e frustração... }

{faz parte né?}

{e ainda tem...}

... Magia, Paixão e Poesia - Decifra me enquanto te Devoro


sábado, 14 de maio de 2011

Todo dia é Teu

És tu mesmo o anjo que caiu em meus braços? Se é minha alma quem descansa em abraços celestiais.

Vida e versos dediquei a ti, um baú de relicários na memória. Dos mais altos risos às mais altas ascensões de espírito. Ah, anjo meu, como desejei ter-te tão mais próxima, tão ao lado. Mesmo sendo tu inquilina do meu coração! E os anos correram (a passos largos de uma dança mística)... Quatro anos, para ser mais específico. Quatro lindos solstícios de sublime amizade, da mais sincera e preciosa.


Tu és meu tesouro sonoro! Das notas agudas, dos vibratos emocionados...


Tesouro sonoro, do "eu te amo", do "conta comigo" e do "sempre estarei aqui por você".

Tivemos, juntos, tanta história! Tanta poesia ultra romântica. Uns musicais góticos cheios do lirismo que percorre o espírito de nosso espírito. Tivemos a fantasia, a loucura e a perfeição bem na palma das mãos (dadas).


Pra sempre! Ontem e hoje, sempre serás meu anjo da música. O anjo que curou a ferida maior, que esteve a velar meu pesadelo maior! Sou gruta de lágrimas quando àquele tempo negro recordo e com ele volto a ouvir longe a tua voz no telefone... Nas madrugadas do mal (sim, eu sempre me lembrarei disso... Tão tão tão grato, foi tu quem me deu a mão e afagou um peito aflito de morte).


Sou gruta de risos também. Nostalgias passadas e futuras que teremos: sim teremos, os anos cuidarão de traçar a trajetória eterna do nosso amor.

Ah, Mari. Eu simplesmente te amo. Todo eu te ama. Cada microcélula de vida e desfalecimento corre para o teu olhar; saudoso, grato, feliz, apaixonado!


Te amo e essa é minha singela homenagem. Sejas mais que bem aventurada, pois hoje é teu dia. (e em mim, todo dia é teu)

Parabéns *-*



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14/05/2011



sábado, 7 de maio de 2011

A Masoquista


O sábado mal se aproxima e Ela não se contém de precipitações das dores vindouras. Como será o próximo vilão? Que signos de tortura usará e quão profundo e cruel penetrará os gabinetes de sua frágil feminilidade? Terá ele muitas cartas na manga; um bruxo de intenção toda maligna? Surpresas na esquina de seu sorriso, é o que Ela mais deseja.

Há um anjo com espada flamejante precedendo seus passos.

A chaga sagrada.



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... Tu vira a próxima rua à esquerda. É bem ali.

Que isso, pra uma moça tão linda assim...


Porque demorou?

Ah, claro. E a culpa é minha.

Não, não, que isso! Esquece, ta? Esquece!

Não! Eu cansei. Você sempre se fazendo de vítima, é a tal da depressão e esse chororô. O que acontece é que eu já não te entendo. Ninguém entende, sabe?

Ah, eles me disseram sim, e daí? O que? Você acha que eu sou um trouxa. Claro... Mas eu sou mesmo, olha pra mim. Sou um idiota por te amar desse jeito. Corro atrás de você o tempo todo, me preocupo. Meu, to há meses tentando ver se isso vai pra frente e não sei mais o que fazer... Faço sempre o meu melhor. Você que fica aí, não faz nada. Que foi? Não vai dizer nada?

Ah, não tem? Pois eu tenho, tenho muito, aliás. Você vai escutar. Ta todo mundo te estranhando, você não era assim! Eu achando que você era a pobrezinha da história. Mas fica dando mancadas! Ainda bem que nossos amigos abriram os meus olhos! Eu te amo, mas é muita mancada com todos. Vê se para, pro teu bem. Senão vai ficar sozinha! Não vai dizer nada mesmo? Meu, pra que veio, então?

Para, para, para! Cansei de você e suas mentirinhas.

Então vai, dessa vez eu não vou correr atrás. Nem dessa vez nem nunca mais. Esquece que eu existo. Esquece que nós existimos!


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Dói tanto... Glória Deus!

Em espasmos, glória ao Salvador que me pertimiu (só a mim) o talento de sentir um tanto da mensagem da cruz. Eu nunca resisto às torturas, às sete chagas, ao prego ultrapassando minha condição de d
or humana... Sou entronada com espinhos venenosos e mesmo assim, cuspida e humilhada, ajoelho escondida sobre o olhar da caveira e peço perdão.

Por eles. Me amarem.

Por Jesus. Ter me amado e derramado até espírito. Só para que eu não sentisse.

E eu, eu quero sentir! Amo sentir. Glória Deus pois sangro sem ressurreição.



Magia, Paixão e Poesia - Decifra me enquanto te Devoro

domingo, 1 de maio de 2011

Mísero Príncipe Fosco


Ele tem os tais tesouros encantados e um unicórnio no estábulo real. E do lado de fora do aposento, rugem os ventos do esquecimento, prontos a apagar qualquer vestígio da má lembrança. Mas ele hesita, observa as folhas dançando perdidas e quer. Quer manter a memória vívida no pretérito.

Quantas madrugadas insones caminhando nos halls do castelo, apenas esperando o tempo de resgatar a princesa? Quantas solidões emprestadas de suas ausências nos contos de fada (a heroína brilhava mais, sempre mais)? E quando o dia se confundia com a noite em cada canto lúgubre. Um dragão trancado no porão, em pó e depressão. Ah! Se houvesse um momento de glória, um beijo de despertar, um êxtase que fosse. Porém era sempre ele quem volvia o despertar, quem doava a vida - riqueza e salvação - e presenteava galardão de final feliz. Onde estava o seu?

Final?

Todo instante que sorria, suas mãos tremiam. Era a mísera falta de uma mão que lhe entregasse: o dom, a alegria, a humildade ou mesmo a morte. Que fosse um silêncio! Mas fosse acompanhado de uma mão na sua. Porque ele tem todos os tesouros do mundo encantado e uns mil e um contos para brilhar no fim, entretanto seu princípio queima de vazio.

E ele não quer esquecer, quer procurar em vestígios do que já se foi em cavalgadas de páginas e vozes na cabeceira de uma cama, algum calor que o havia entregue sopro de vida. Havia, sim! Numa época remota ele fora amado. Antes de nascer, fora amado.

Tinha que ser... Por favor?

Amado.

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