domingo, 1 de maio de 2011

Mísero Príncipe Fosco


Ele tem os tais tesouros encantados e um unicórnio no estábulo real. E do lado de fora do aposento, rugem os ventos do esquecimento, prontos a apagar qualquer vestígio da má lembrança. Mas ele hesita, observa as folhas dançando perdidas e quer. Quer manter a memória vívida no pretérito.

Quantas madrugadas insones caminhando nos halls do castelo, apenas esperando o tempo de resgatar a princesa? Quantas solidões emprestadas de suas ausências nos contos de fada (a heroína brilhava mais, sempre mais)? E quando o dia se confundia com a noite em cada canto lúgubre. Um dragão trancado no porão, em pó e depressão. Ah! Se houvesse um momento de glória, um beijo de despertar, um êxtase que fosse. Porém era sempre ele quem volvia o despertar, quem doava a vida - riqueza e salvação - e presenteava galardão de final feliz. Onde estava o seu?

Final?

Todo instante que sorria, suas mãos tremiam. Era a mísera falta de uma mão que lhe entregasse: o dom, a alegria, a humildade ou mesmo a morte. Que fosse um silêncio! Mas fosse acompanhado de uma mão na sua. Porque ele tem todos os tesouros do mundo encantado e uns mil e um contos para brilhar no fim, entretanto seu princípio queima de vazio.

E ele não quer esquecer, quer procurar em vestígios do que já se foi em cavalgadas de páginas e vozes na cabeceira de uma cama, algum calor que o havia entregue sopro de vida. Havia, sim! Numa época remota ele fora amado. Antes de nascer, fora amado.

Tinha que ser... Por favor?

Amado.

Magia, Paixão e Poesia - Decifra me enquanto te Devoro

Um comentário:

  1. Quem dera eu tivesse o teu dom para escrever, e principalmente para fazer analogias.
    Me encantei com o teu blog e com as suas palavras que parecem ir da tela para o meu coração. Eu leio os teus textos e sinto as palavras se tornando verdade <3

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