
e essa melancolia tentando envolver minha vida agora?
Não me assustes, musa, tenho medo de desvendar teus caminhos. Mesmo que estes sejam os meus próprios, os passos que dei no passado - e sei, os são.
O passado me trás as melhores sensações. Curioso é que naquela época minha existência não flamejava de júbilo... Então ouso concluir (e esperançoso pedir ao dEus) que meu presente atual será logo a alegria do futuro. Não. Bem sei que não haverá mais 2008 aqui nesse peito só. Se assim o fosse, eu teria o orgulho de apresentar ao mundo a teoria do pessimismo, no qual, ano após ano, tudo tende a piorar.
Não. Bem sei, não haverá 2008, nem pra mim nem pra ti. Em meu peito solitário.
Então deixe me apenas anoitecer, Melancolia.
Recuso o momento profundo, cansei de me afogar nas tuas reflexões angustiantes e belas. Hoje não quero ser poeta, recuso teus braços de poesia e a mágica dança das palavras.
Prefiro ser mais um, fechando os olhos, enterrando para sempre este dia nas areias do sono. Enterra minha dor e me abandona esta noite, quero muito.
Não te quero, não quero desvendar o sentido da vida nem desmembrar o segredo. Quero o silêncio, quero anoitecer sem o teu abraço.
Hoje não sou poeta: Sou o vento. Sobrevoando sem rumo a atmosfera, tocando sem querer a chama e o orvalho, inconsequente, livre, devoto apenas à minha trajetória errante; mando beijos para aqueles que acariciei como brisa da manhã, os que feri como ventania e os destruídos pelo furacão de uma atribulada depressão.
Amei-vos.
Rostos, tão-somente.
Hoje novas faces sorriem para mim e eu as amo singularmente. Porém o amor que recebi no meu coração e compartilhei nos dias do outono, não retorna com o mesmo toque de antes...
Rostos amei. Mas o único que ainda se aproxima ofegante e me rouba beijos é o teu, minha Melancolia. Mesmo em noites em que não te quero e nunca necessito - como esta.
Não quero! Não me seduzas, maldita Dalilah!
Solta meu pensamento...
Em momentos de plena solidão, eu só queria anoitecer... Então...
Deixa-me anoitecer?
Decifrando o vazio intimista, devoro a verdade e te entrego o escopo de um ser.
Meu ser.
Decifra-me? Te devoro.
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