quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Campos do Paraíso

Houve um tempo em que as claridades acendiam para Joe.
Houve sim. Não conseguia relembrar as cores e o brilho, não tecia nenhum painel da doce infância; pesadelos de meninice, sonhos, amores... Não se recordava de nada, mas Tudo existiu.

Num único desejo.

Nostalgia de um único desejo.

Entretanto rondava-lhe um sentimento, aflorando das entranhas do passado: o ressoar das gotas de chuva tocando em sua carcassa de ferro, em suas palpebras quebradiças, escorrendo lágrimas como se fossem vindas dos campos do paraíso.
Joe queria ser menino.
Joe queria ser humano - não pela dádiva nossa de possuirmos coração.
Queria ser criança e poder sorrir ao caminho deixado para trás, só para dizer que valeu a pena ter crescido e se tornado monstro intransponível.

Amnésia.
O que fora aquela gota de vida?

Um único desejo,
Que volte a chover nos campos do paraíso.

A magia vinda da paixão
habitada em poesia
[...] dessa frágil canção:

Um comentário:

  1. Que a chuva regue sempre o terreno fértil onde semeia suas palavras, meu irmão lindo!

    beijos e borboleteios

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