sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Prelúdio do Amor Maior

A monotonia daqueles últimos instantes de aula já não flamejava impaciência no espírito dos dois estudantes: o garoto poeta e a menina fotógrafa (acima de tudo, os sonhadores).

Sentados na escada da quadra, debaixo da sombra gratuita da estrondosa árvore de estimação, eles apenas adivinhavam a beleza de uma amizade que seria – num futuro bem próximo e eterno – o alicerce e o sentido de duas vidas atadas a uma só essência. Em um ou outro momento trocavam olhares silenciosos; escondiam a sensação misteriosa de sentir que dali em diante um não viveria sem o outro; e, estupefatos, perceberam que o Sol pairava delicadamente no horizonte, abençoando aquele evento mágico.

Não poderia ser mais perfeito, embora de maneira singela.

Tão simples assim que com o passar dos anos essa imagem apagou-se da memória do poeta. Entretanto, a fotógrafa (que jamais perdeu um momento de delicado encantamento) tratou de fixar na mente o dia em que admirou com seu amado a luz do Sol e sob os raios de Deus sentiu encher-se o coração da verdadeira paz... A Paz de quem tem um coração amigo ao lado, por onde quer que vá, para sempre.

D’um dia assim, retocado na lembrança, a doçura que invadiu a menina verteu-se em nostalgia. E da alma do garoto, depois de rever em seu olhar a luz solar, verteu poesia.

Da saudade de ter sempre os abraços mais queridos, de afagar prantos dos mais sofridos e compartilhar a liberdade de venerar a estrela matutina em pleno ócio estudantil.

Refletindo a felicidade desapercebida, ele ousa desvendar o segredo:
Nos sabores da manhã, seja então no calor da tarde ou até mesmo na escuridão sacra da noite, estando juntos, estarão perfeitos. Amando, estarão juntos. Juntos amarão todos os instantes. Fotografados na história, pintados de poesia ou esquecidos na poeira das estrelas... É felicidade.

Amar assim tão intensamente e dependente é felicidade.

Porque o Sol os uniu naquela manhã de anos passados, na escada da quadra, entre a monotonia escolar, debaixo de sombra amiga; sonhando um com o outro clandestinamente.

(O que foi então aquele instante?).

Talvez prelúdio dessa paixão poética e platônica: os dois corações aquietados, juntos, admirando a grandiosidade de um simples alvorecer.

Magia, Paixão e Poesia - Decifra-me enquanto te Devoro

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