sábado, 2 de julho de 2011

Asleep

O espírito se agita, retorce. Já não sabe se repousa a fadiga na cama ou espera o Sol pairar a manhã, ouvindo canções do mar e da lua enamorados... O que fatalmente se faz certeza é (apenas) a perda vagarosa da vida. Entre um suspiro e um bocejo, despenca as areias do tempo... Ah, existência, ah, amor, ah, noite densa...

Passa uma noiva do vento, apressada, ao leste.

E o silêncio retoma o trono, olhos que recaem nos pés, nas mãos, no horizonte atoa. Tão atoa...

Causa perdida; mais um dia de solidão liquido-gasosa; a paixão que se deita e lamenta; sonhos de poeta. Tudo dorme.

Mas o espírito ainda se questiona, entre a maré que dança cega na praia, pra mais perto, pra mais longe... Insensata... O vívido espectro se questiona. De que utilidade é tudo? Sendo pó, ao pó, vento que leva e desfaz, entrefaz aos braços dados que um dia se separarão e às mãos que hoje correm aflitas, amanhã acolhidas. Ou não. Que importa? Ah, não importa, sopra até os confins, perde-se. Deseja e queda-se na realização. Oh, jamais! A vida é um eterno desejo. Ou não.

Repousa essa angústia, deleita-te de lágrimas e as guarda na entrelinha da obra. Ou flua, flua e flutua nestas minhas reticências...


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