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Desnuda de qualquer esperança em ser algo além do encantamento do passado, da entrega à arte (porque ser um ser incompleto a tragava cada vez mais), Annabelle se segurava na vida unicamente por aquele quadro; quando terminado se eternizaria junto a face de sua bela flor e despencaria até os braços de sua terna poesia. Então veio a chuva enfeitada de relâmpagos e bravios trovões. Já se ouvia ao longe o soar do fim dos tempos e uma decadente marcha funérea acompanhada de olhares penosos e distantes – talvez alguns perplexos – se vislumbravam na mente de Annabelle. A angústia era solene mas o alívio era macabro; os braços trêmulos tentavam não violar a última pincelada da sua obra prima.
A última chuva.
O anoitecer cobria seu apartamento iluminado por velas e lágrimas de adeus. Tudo completo, divino, fatal.
Até a estupidez humana retomar a cena.
Barulho.
Gritos silenciosos.
Gritos insanos.
Desespero. E o fim.
Um grupo de jovens sem sentido fazendo uma anarquia sem sentido.
Uma jovem sem sentido perdendo sua vida sem sentido.
E o fim da tempestade, a última dor.
A magia se findava, as águas do céu se findavam, a madrugada tornava solitária e Annabelle chorava confusa por aquele arrombamento em sua vida, tremendo de loucura porque o maior dos pecados aqueles seres inválidos haviam cometido: ébrio de insanidade, aquele momento consumiu qualquer estilhaço de luminescência que ainda tentava permanecer em Belle. Com a dor maior do mundo ela caiu sobre sua tela inacabada e imperfeita, pedindo perdão, desesperada por dessa vez não poder salvar sua musa. Um último beijo apaixonado depositou naqueles lábios salgados e com suas lágrimas inundou o olhar opaco de Clara. Jazia ali um sonho destruído, no chão de um apartamento revirado em bagunça sem sentido dentro de um mundo sem sentido.
O pranto que ali se desfez derramou toda uma vida e essência, tingindo a arte agora com o maior dos tesouros: ágape.
Assim, possuída por si mesma e por aquela outra parte pulsante, clara e poética, dormiu profundamente Annabelle.
A manhã veio fria de morte.
Desnuda de qualquer esperança em ser algo além do encantamento do passado, da entrega à arte (porque ser um ser incompleto a tragava cada vez mais), Annabelle se segurava na vida unicamente por aquele quadro; quando terminado se eternizaria junto a face de sua bela flor e despencaria até os braços de sua terna poesia. Então veio a chuva enfeitada de relâmpagos e bravios trovões. Já se ouvia ao longe o soar do fim dos tempos e uma decadente marcha funérea acompanhada de olhares penosos e distantes – talvez alguns perplexos – se vislumbravam na mente de Annabelle. A angústia era solene mas o alívio era macabro; os braços trêmulos tentavam não violar a última pincelada da sua obra prima.
A última chuva.
O anoitecer cobria seu apartamento iluminado por velas e lágrimas de adeus. Tudo completo, divino, fatal.
Até a estupidez humana retomar a cena.
Barulho.
Gritos silenciosos.
Gritos insanos.
Desespero. E o fim.
Um grupo de jovens sem sentido fazendo uma anarquia sem sentido.
Uma jovem sem sentido perdendo sua vida sem sentido.
E o fim da tempestade, a última dor.
A magia se findava, as águas do céu se findavam, a madrugada tornava solitária e Annabelle chorava confusa por aquele arrombamento em sua vida, tremendo de loucura porque o maior dos pecados aqueles seres inválidos haviam cometido: ébrio de insanidade, aquele momento consumiu qualquer estilhaço de luminescência que ainda tentava permanecer em Belle. Com a dor maior do mundo ela caiu sobre sua tela inacabada e imperfeita, pedindo perdão, desesperada por dessa vez não poder salvar sua musa. Um último beijo apaixonado depositou naqueles lábios salgados e com suas lágrimas inundou o olhar opaco de Clara. Jazia ali um sonho destruído, no chão de um apartamento revirado em bagunça sem sentido dentro de um mundo sem sentido.
O pranto que ali se desfez derramou toda uma vida e essência, tingindo a arte agora com o maior dos tesouros: ágape.
Assim, possuída por si mesma e por aquela outra parte pulsante, clara e poética, dormiu profundamente Annabelle.
A manhã veio fria de morte.
[quase no fim]
Magia Paixão e Poesia - Decifra me enquanto te Devoro
fez chover aqui dentro de uma forma totalmente inexplicável; de qualquer jeito, eu só admiro um texto pelo teor de identificação que eu prezo pelo mesmo, e devo dizer que a admiração por aqui deste teu post está em uns 200%, por aí;
ResponderExcluircéus. isso aqui tá ficando cada vez melhor, hein.
NÃO PARA NUNCA DE ESCREVER, serio.