terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Sobre o poeta e o profeta, uma viagem a Paris e o coração

Idade das trevas?

Hoje é que é. O vigésimo primeiro pós criação do Mito Cristo e da corrente decadência do homem rumo ao limbo. Nossa treva, furúnculo e fedor contemporâneo é adimensional e o riso creio eu ser pus (morte em peleja do mal). Nesse cenário nada onírico, desperta em mim a reflexão a respeito de duas profissões que, no ano um emergiram vívidas, mas cativa dos dias atuais sofre de lepra. São aqueles que de algum modo tratavam da espiritualidade: o poeta e o profeta.

O homem primitivo (e tenho meus resguardos ao usar essa palavra) sempre necessitou de um salvador. Ora Deus, ora a Poesia. O oráculo se materializava, então, na figura do poeta ou do profeta.

Uma pena, uma cálida lástima é a escuridão a que chegamos. Não há mais bons espíritos, não há mais fé e resta pouco de salvação. Menos ainda para mim, que outrora resplandecia feito Orfeu.

Por que ser o que sou?

Mas sou. E tenho escrito tão pouco, próximo ao nada. Simplesmente não enxergo nem ciana esperança na arte e na existência sagrada... Entretanto e no entanto tão pouco a ser "desvendado", não é disso que quero divagar (é que depois que previ o fim necessito sempre explicar a que venho, porquê da minha palavra). Por aqui basta meu confronto. Venho pois, falar de algo que me silencia: amor.

Eu, poeta, pai de inúmeras poesias anseio por escrever sobre esse amor. É ele o único que faz-me tocar a pena nos dias como os atuais, ousar palavra a palo seco.

Isso não é ficção. O eu lírico não apenas se assemelha ao eu empírico. Meu nome é Filipe e ando percebendo que amo feito pétalas de sangue, mal do século, rouxinóis de Wilde.

Ele vai embora... Meu amor vai a Paris! E nem que seja tropeçando em cascalhos e verbos, quero entregar-lhe algo árduo.
(e é árduo, Cé, acredite: escrever tem sido para mim a dor maior)

Como poeta eu vislumbro um quadro poético da era romântica. Jovem mancebo acaricia fremente uma paixão realizável, porém ela tem que partir por um longo ano. Prova de amor? Eu choraria um oceano por você... Mas já temos um.

Como profeta... Ah! É prova, é jejum e tentação. No fim terei crescido e depois, em 2013, te ensinarei a ler meu coração - se quiseres.

Então retorno ao circulo rascunhado no inicio deste texto, pois tanto o poeta e tanto o profeta estão fracos. Tanto que de dia e a noite falecem em meu colo. Sou só o Fil. Só ele, com seus remédios, sua casa, suas férias infindáveis, flutuando em bolsões de tédio. Como então, eu, este aqui, nu de empirismo, encara a tua ida?

Fascinação que tem me mantido nos passos da dança. Você. Emudeço e choro.

Desapareceram todas as alegorias. As Helíades confundem meu espírito. Eu te amo.

Eu te amo, ponto.

Voem musas, voem anjos! Voltem para o Helicão, o paraíso e a luz divina d'onde vieram. Não vos preciso. Eu tenho o Cesar.

Te amo e nada mais preciso dizer. Permitiram que eu o sentisse assim, perfeito. Permitiram que eu o sentisse minha estrela. Mas não seria seguro afogar-te em emoção, bem sei que teu olhar me guia para a razão.

Você é meu amigo. Foi assim que começamos, não? Te confio todos os dias todos os meus eus - os luminosos e os demoníacos. A aura é surreal e nela temos uma caverna mágica, com um baú de defeitos e dores. Meus e teus. Mil e uma noites e infinitas questões da vida... Eu temo você, quieto, solitário, longe, indecifrável. Astro errante, vem e colida. Me destrua? Nossas estrelas são distintas, mas quando Melancholia vier seremos um.

Ele aquietará seu corpo na França. E três mil poemas eu farei ao aquietar minh'alma nas têmporas do vento, errante, meu, parisiense, tocando seus lábios no alto da Torre Eiffel. Fecho os olhos! Você está aqui.

Não me inebriarei com teus cabelos nem beijarei todo sorriso teu. Meu novo ópio se chama saudade!

Que seja agridoce.
Porque você é das exatas e eu das humanas (!).
Que seja o que foi o tempo todo: meu enigma mais atraente.

Desbrave as galáxias, encare um buraco negro, desafie o tempo, encontre universos perdidos... Eu estarei te esperando, meu cientista lindo. Eu e as galáxias, escuridões e mistérios do tempo que crio todas as noites antes de dormir.

Um hiato e eu ouvirei: sistole, diástole, sistole, diástole, sistole, diástole...

Voaremos.

3 comentários:

  1. ainda procurando as palavras que preciso para dizer alguma coisa...

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  2. Ah, esses amores que exigem extrema força de nós mesmos. Pois mesmo com a mais longa distância, o mais demorado tempo e os mais terriveis acontecimentos tendem a permanecer vivos dentro de nós. Filipe... Lindo nome, de alma doce, mistérios e amante justamente por ser de humanas... Espere que o tempo dirá. Nunca se sabe até que o dia chegue. Até lá vamos com essa agonia que parece interminável que o amor é. Enfim, que receba muitos cartões postais de seu amado. E seja feliz por saber que a distância não fez ele te esquecer.

    Saudades de você, do seu canto, do seu mundo, Fil. Beijos!

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  3. PUTA QUE PARIU! tem tanto trecho bom nesse texto que acho desnecessário colar aqui. o homem 'primitivo'. Todos nós somos primitivos, penso eu. Eu mesma tenho necessidade de poesia. Como eu amo seus textos (L)

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