sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Solilóquios de Desirée

"A genética do suicídio vem aflorando imponentemente sob minhas veias. Espera, segura, liberta e relaxa o fôlego: não me matarei. Não que falte vontade... É que de modo algum pretendo pisar os mesmos passos de minha mãe. Quero os meus próprios, os que me levem ao precipício (ou pior, à sinfonia errante inacabada). E também, lógico, falta a coragem dos covardes."

"Ai, estou tão fadigada de manter-me online. Fadigada de ignorar as janelas acesas desejando manter a fática. Não sou essencial, e quem é? Tudo o fazemos é para manter-mos vivos afim de. Se você me chama é para buscar o contato a fim de. E eu aqui, tolamente falando aos meus ouvidos surdinos a fim de. É a insistente busca de um sentido para essa coisa amorfa que é a vida e o mundo."

"Redondo por excelência. É a forma perfeita para desgrenhar o infinito."

"Jack: o meu infinito."

" Eu bem sei, ele está todo quebrado em algum quilômetro da pista enegrecida. Seu sangue penetra o asfalto frio e seus olhos assustados, profundos no fundo da órbita ocular, tentam ver algo além da lua vibrante. Sua moto - único bem presente - jaz rebentada, ali... Ah, meu homem... A existência tem esfolado tua beleza cinematográfica? O rebelde tem sido prostrado pelo labor inebriado dos dias? Eu bem vejo que te abateste no descaminho. E também muito bem ainda me dei conta: nossas vidas não passam de trágicos acidentes."

"Como posso socorrer meu monstro amado se o ventos me esquartejam a todo modo, de todos os trópicos e coordenadas? É verdade, deixei meus antepassados para penetrar nova angústia. E ainda me derramo na dor... Sou a última da geração dos feridos, Deus queira ou não."

"Eu poderia tentar ser feliz. Não. Estaria seguindo o mesmo caminho."

"Eu poderia ser feliz. Não. Estaria me levando ao impossível."

"Ainda não, Desirée. A felicidade não é questão de possibilidade, é o que pinta-se no surreal. É feliz aquele que enlouquece."

"Então, Jack, enlouquecer-te-ei com meus verbos e beijos a fim de fazermos sentido um ao outro. Por favor, algo tem que me manter aqui além do medo, então retorna! Retorna e abraça o que não fomos."

- Por que tanta saudade do que nunca tivemos?

"Nunca encontrarei solução e alívio. Por mais que insista em ver a beleza, abrir minha alma à caricias e me entregar ao gratuito amor... Nem que o vento me leve aos quatro cantos e eu veja o quinto. Eu ouvirei atentamente o chamado e lembrarei do meu passado: Um Nada. Olharei os campos a volta dos meus passos, minha atual verdade: Um Nada. E eis o futuro: a infindável tentativa de encontrar a motivação para essa andança. Nunca, nunca, nunca encontrarei solução e alívio."

"Então eu durmo."

... Boa noite, Desirée.


Um comentário:

  1. a busca da paz é infinita. to amando tudo aqui e lisonjeada pelos seus comentários :**

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