quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Vale à pena dizer o que já foi dito?
Vale à pena sentir o que já foi sentido?
E se for tudo precioso, viveria eu contente com o que já foi vivido?

Sabe porquê ainda te amo? Porque ainda não travei diálogo com Sócrates. Eis-me então desconstruindo tua bela aura:

" Os estilhaços perfurocortantes não feriram meu olhar. Te expulso da redoma sagrada e nem me atinge, nem me dói. Desnudei-te e vi mil chagas pintando a tuas epiderme clara e fraca - é humano, é mortal imoral. O que conheço bem sei que é falso: o salitro dos húmidos olhos verdes teus hoje secou, agora fecha-se, muta e nada é capaz de se apaixonar. Quando te amo, primeiro segundo após você já é outro, e corro para te amar de novo, mas foges daninho. Ai! Que essa adoração furta-me a cor e o fôlego.

Pára e morre! E poderei te ter, congelado.

Quem te és? Eu, ele, você, nada exato e Deus cometendo erros. Presta atenções, não sou agraciado de relevação divina, tu não és meu anjo, presta atenções.

Suspirei outrora sob o espelho. Abriste tua boca para dizer-me honestidade e o reflexo veio devasso. Só atingi meu alvo romântico ao olhar a imagem da tua imagem em minha imagem. E morrias de novo cada segundo novo.

Então... Há auge de glória no meu sentimento? Houve autenticidade... Todo passado é autêntico. Se repete, acrescenta. O que eu amo é cada vez maior; eu amo cada vez maior.

(e a maiêutica prometida?)

Ora! Então o que te amo não é você.

Homem, quando te levei para o alto trágico nem me dei conta de que erguia uma ideia enquanto matéria despencava. O que quero é a tua alma quebradiça. Lindo monte de ossos.

Remanescências estão atentas a me cegar. Deixa eu dizer: se te adoro é por puro cansaço. Tu não és um mito, é hora de eu descansar dessa exausta elevação fortuita.

(e a maiêutica prometida?)

Ah, caí; deixarei o próximo botão falecer em pétalas de amor. Eu nunca atinjo ômega algum. Caio - sempre - no jardim dos desertados.
É que de fato não quereria tudo isso cá dentro."


Mas por você...


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